estatísticas irrelevantes

uma nação necessita de comunicação séria

a comunicação séria não pode se estabelecer

por apadrinhamento político em troca de favores

enriquecimento por meio de concessão vitalícia

gera desvios, descontroles dos orgãos públicos

por consequência: o empobrecimento das massas

a mídia do cabaré com seu céu de antenas

apresenta o seu ranking...

1º lugar - c.organizado rede plimplim - 71%

2º lugar - c.c.sub.-org. rede do senhor - 19%

3º lugar - c.c.c.ambulante rede o baú - 09%

4º lugar - c.c.c.c.rede do bang e band - 01%

por algum torpe sistema, rasteiro, às escusas

através de cifras hierárquicas se divide o lucro

e a rede embala, captura, a gente dança não capta nada

sigo pelo meu solitário itinerante caminho

chutando bola cortante nessas redes caretas

apagão dem-ocrático

abro meu discurso pelas raizes da história 

entranhadas em nossa nobre memória

mesmo contra a autoritária vontade

de velhos e novos sombrinhas da ditadura

afiliados da famigerada rede mídia do cabaré

caros retrgados coronéis de insigneas vencidas

o mestre que atendia pela patente de capitão

era o audaz senhor das caatintas o grande lampião

mas, se fosse da laia de vossas senhorias

de certo que atenderia pelo nome de apagão

poder em questão

tudo se pode em nome de uma lei

que nínguem sabe o nome

poder é uma questão de quem

pode ter o poder para poder dar

qualquer tipo de ordem

isso para uma minoria que manda

já para a maioria, o majoritário povo

também é licenciado o direito,

a ciência do poder, o absoluto poder

de obedecer todas as ordens

"eis a demo-democracia"

passe de mágica

o céu! plim, plim... o inferno

lado a lado com você
e o povo santo ainda se choca com o diado

bela

bela

só vejo ela na passarela

a iluminar meu coração

bela

dos olhos dela rima singela

vem me guiar nesta canção

o azul ainda paira

e o sol aquece mais a vida

sou dela se ela quiser ser minha

se ela quiser ser ela

 bela

fome

fome, só a de viver;

não vale vida com fome

pó de ki-suco

esse trem não é parador, esse trem não para a dor

vai da central a marechal, mas antes para em madureira

porque a vida não tá fácil

eu não tenho trabalho rolo o chapéu pego trocados

pra não roubar na quebrada pra não dançar no canavial

eu nunca fui enquadrado não entro em deprê

tô na fila do brasil vai melhorar

prestando conta com essa tal matemática

dois ao quadrado um quarto

é que eu moro num quadrado dois por dois

às vezes rola arroz depois um copo d'água

pó de ki-suco

o meu barraco tá na linha de frente

como pingente de ponta no cume

tô num barranco se chover a qualquer hora eu danço

mas tiro onda nesse mar de lama

da lama aos caos do caos a lama

a lama é o caos o caos causa lama

eu sou da tribo são tião

e não dou mole pra flecha perdida

expressador

quem expressa vida ao largo do tempo,

pelo tempo infinito será guardado

indagador

não estou aqui apenas para

cumprir ou seguir leis ou normas

sempre que necessário uso o meu

direito e dever de indagá-las

eira

nem toda eira é a beira do abismo

nem todo raso dá no calcanhar

camisa da força

salve os loucos líricos e poéticos

a eles o dom natural da imortalidade

aos implacáveis castradores de sonhos

travestidos pela honra da glória forjada

aos impiedosos dilaceradores de almas

afiliados filhotes da seita quantitativa

a estes resta no fim de suas estadas

o branco abraço uniforme dos fracos

ética

 confundir ética com etiqueta

é correr o rico de ficar na corda bamba

telhado

no tempo de menino fiz jus ao direito de fazer arte

aprendi nos descompassos todas as áreas

traquinogeométricas dos trapézios das janelas

da minha coleção de bolinhas de gude

onde nunca fui um grande jogador

me restaram as três que eu engoli

nas minhas trapaças deixei para as traças

todos os meus álbuns de figurinhas

dentre tudo isso um dos meus maiores feitos

foi ter me tornado um íntimo amigo dos telhados

nem me lembro mais quantas horas gastei

com minhas conversas em torno do mundo do nada

que nada tenho a dizer, nem em completo sigilo...

acerca

se tivesse que escolher poetas

de certo eu ia preferir os mais simples

aqueles que fazem poesias a cerca de nada

beira de mato, ribeira do rio, musgo, limo de pedra

tudo descoberto de tudo a tempo

por todo canto do todo alcance

giração

dar asas a imaginação

acelera a mente de giração

sempre

um amor para recordar

seus cabelos soltos

me abrem o sol na estrada

rimam os meus passos

que rumam por saber

que o vento sopra o rosto

e faz sentir o amor que não se vê

seus cabelos soltos

escorrem em minhas costas

afagam minha alma

me fazem acreditar

que a verdade é livre é como o rio

e o grande amor não estanca

seus cabelos soltos

são os meus pensamentos

que tornam minhas palavras

eternas pelo ar

ar da graça

é no balanço do ar

que toda graça aparece

discordar

sou um discordador de acordos

gosto é dos acordes desrimados

sei acordar deixando a dor, dormindo

concordar, é dar nó na corda do saber

na minha arte não há regras estabelecidas

muitas vezes a concordância nem é bem vinda

parceria

dois é igual a um par

e menor que uma parceria