se for para ter medo, então que o meu medo
seja do terrivel desencontro com as palavras
se for para correr riscos, que os meus riscos
escrevam o imaginário dos meus devaneios
se for para perder, que minha doce derrota
seja a amarga constatação dos meus algozes
caio de pé sem jamais me curvar à torpe ideia
dos que servem de paço, bobos da corte careta
no abstrato me desfiz dessas gélidas esperas
para ser aprendiz da espera do firmamento
meu pensamento é o execícios das reticências
sou andarilho, porque caminhar abre caminhos
antes os velhos torpes costumavam calar a vida
hoje entre novos se acostumaram a matar a voz
e é assim que na desordem da calada da noite,
em bandos se pauta aos gritos a ordem do dia…