fiz um trato com a
dor
de despachá-la com
passagem de ida
até aonde a vista
não mais alcançar ver...
bem assim para lá dum
bolso furado
desses que dão na
funda escuridão
de uma cumbuca seca
de água
dessas que não matam
a sede da garganta
mas tem serventia
de esconderijo
pra gente esconder
um segredo tão bem escondido
que chega ate a
perdê-lo de vez do pensamento
assim como tolo que
tenta seguir
o insistente e árduo
itinerante de afastar a dor
sem se dar conta
que a dor é colheita de lavrador
a tão mesma dor que
nos faz nascedouro,
cantador do mundo,
escrevinhador de universos
orador da expressão,
vendedor de beijos
arranjador da
alegria, contador de estórias
criador da vida,
guardador de estrelas
versejador da
poesia, arrumador de palavras
abraçador da arte,
acolhedor de imaginações...
muitas vezes o
difícil exercício de colher dor
nos ensina o
aprendizado de reforçar as palavras...