terça-feira, 24 de janeiro de 2017

sobre a poesia


aaah, ser poeta!!! ser poeta é ser eterno em lastro apreendedor
ser lírico as tantas estâncias de amador a todas as portas abertas
é passar despercebido pelo duradouro exercício ciência da pá 
a multiplicar encantos da tão sábia e generosa paciência...
ser poeta, aaah, ser poeta!!! é não precisar do tempo preciso,
é reaprender a desfazer o feito, para refazê-lo novo a mente
novamente na contínua dança dos rastros aos caminhos dos pés.
aaah, ser poeta!!! ser poeta é atinar no vento,assoprar o alento
criar o pensamento, e num rompante recriar a imaginação
como quem refaz em zelo o momento de se azular de lua
para em pleno claro dia palavrar os intermináveis sonhos...
ser poeta, aaah, ser poeta!!! é ter e não manter a rima a mão
é traduzir o insólito e conseguir ser incondicionalmente cósmico
um despretensioso amante da cósmica poesia a unir versos...
aaah, ser poeta!!! ser poeta é impulso desatino de fazer poemas
de atravessar o passador poético pela infinita palavra dada
desalinhando o fio das próprias vestes até findar em novelo nu
no desvestir-se poeta para em loucura transmutar-se poesia...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

sobre o salto


como explicar ao vento o desatino anseio de não senti-lo
já que o arredio desmantelo prepondera feito desnovelo à fio
onde a força que esvai é resgatada em dobro pelo sofrimento
como explicar a inexata fração dos segundos incontidos
na entranha do tempo a findar no próprio tempo de não viver 
deixando sobra em desordem no espaço de fragmentos espalhados
como explicar a repentina vida que numa velocidade tamanha
parte sem mensurar seu peso silenciado em queda livre
na mais estranha e louca sensação de gritar por liberdade
como explicar o desato inconsequente dessa ânsia juvenil
a prevalecer sobre as emoções de tantos desejos incontidos
acostumados a ignorar as vontades como vestes passageiras
como explicar a perda do que dificilmente será amputado
do que jamais deixará de estar continuamente presente
pelo intimo fato do não convencimento da metade ausente
por fim o que explicar? ah! para que as exatas explicações
quando apenas nos resta a infinita montagem do mosaico
esparramado como jogo da memória a queimar lembranças
que consolidam na afirmação ainda que não consciente
do inexato instante em que lara num salto de metamorfose
transmutou-se borboleta e bateu asas para eternidade...