sexta-feira, 25 de maio de 2018

confessa-dor

                                                                             
           
sou encarnado da fina flor do cangaço
a seiva do mandacaru filtra meus poros
me fiz aprendiz da giração dos coletivos
sei da ciência de zela-mento do esmero
por isso despetalo vestes ao social
tenho pacto de amor com a vida
sobre a morte sigo Lorca n’alma
por ser tórrido amante das palavras
trago na saliva meu afiador de língua
sonhar é sentir o abraço do imaginário
nenhuma delação amordaça a utopia
o amor não faz morada nos covardes
meu medo é da ausência dos versos
e ainda que em torpe obscuro Franco
seja pela demente força alvo dos fuzis
hei de somente confessar meus desatinos
pelas entrelinhas da poesia...