sou ar refeito no sopro do tempo
nos versos que se espalham em mim
como grãos de areia no refazer
das paisagens de branca e imensa paz
trago nos bolsos bordados lençois de poesias
que se confundem nas distancias dos horizontes
sou filho da natureza arte
inexato no espaço da existência
deixo pegadas pelo meu caminhar
entranhadas a tantas outras que sigo
e que nunca cessarão passo a passo pela renovação
apredi a olhar muito além dos frágeis conceitos
das meras explicações, da escrita encomendada
sou um ser de constante giração
não tenho ponto de partida ou chegada...
sou aprendiz dos fazedores de som
pouco sei entender as palavras
prefiro quase e sempre os inversos
unir verso, arrumar canções
gosto é de ter palavra...
rega-las de preguiça em lama de mangue
no abraço cinturão da raiz
na sublime generosidade verde
dessa que a gente jura no pé de juçara
até conhecer o açai pererê, desde bacuri rebento
amarelo que nem murici na palha de buriti bravo
com sebo nas canelas das
carnaúbas
de remansas corredeiras do caburé
devo confessar do alto dos meus
tamancos...
há caminhos, nunca faltarão
pegadas
à primeira vista o delírio voa
de rasa voadeira
pelos intermináveis
labirintos dos desencontros
e se deixa levar feito
rio que corre paralelo ao mar
há milhas que os olhos de chorar se perdem
a dar asas à imaginação...