talvez a
inexplicável dádiva da existência
seja substrato itinerante
na minha giração
sei alimentar as
fases da feliz cidade
pela loucura imaginaria
da dura realidade
nesse perdurável exercício
de saber aprender
coisa assim como
rodar pião, fazer redemoinhos
de libertar ao
vento o cabresto das pipas
de traçar o raio
sob mira na bola de gude
até se espalhar de
terra, imerso em barro
feito conta de
contar nos dedos de se perder
noventa e nove
vezes sem respirar
pelo meado fio das
conversas fiadas
nessas reviravoltas
de eternas infâncias
que floram, mas insistem
em não madurar fruta
que riem no choro a
escorrer lagrimas de gerar sede
talvez o universo
seja incomensuravelmente vasto
para abrigar os
intermináveis recitais de poesias
que não caiba
mensura-lo em tristes estatísticas
ando descobrindo nesses
novos dias estrelados
que as noites
brilham de esconder sol
acho que do meu
aprendizado de arrumador
o que mais sei é
enrolar os assuntos do mundo a fora
há tempo atrás eu brincava
de esperar os anos
feito quem nega
querer crescer à prazo
por essas demoras
de incomodar os anseios
ainda que sejam os mais
bem guardados
como quem corre nos
calendários de esquecer datas
para remarcar
infinitos encontros com sonhos
como um sábio regenerado
regador de alamedas
que renova arte a alimentar
o alcance dos verbos