segunda-feira, 28 de julho de 2014

nós... destinos


toda palavra  é exercício... ação vascular...
rios de sangue transam pelo itinerário palavrando
não há existência de linguagens sem poentes
a ponta é o ponto de vista do língua-dor
blasfeme em vírgulas, contra a arte
quem nunca fez festa com língua de sogra
burlar a expressão é igual ou menor
que não expressar o nado, em inércia de braçada
e para aqueles que julgam à revelia o nada
nos seus imersos cotidianos matemáticos
a conspurcá-lo como conjuntos vazios de tudo
a sentença de vida é o cartesiano fardo...
onde o verbo incontido no “x” de múltipla escolha
é servente da estagnação dissertativa
e faz ressoar o triste pesar dos dias cinzas
no banzo negreiro mar dos acorrentamentos
como montes que carregam o adorno unânime
dessa globalização de individualismo social
talvez seja preciso cuspir o próprio fogo inimigo
para que seja restabelecido o direito de comunicação
reafirmar que nosso portal é ao nordeste
vem de lá o começo do largo sorriso rio
somos nós destinos, margem, precursor...
é indispensável fincar os pés na descoberta
para melhor se avistar o mundo
cabe aos quintais o dever de fixar suas reverências
por pelo menos 45 dias em solo mãe
e assim, aprender a melhor enxergar o brasil
o oposto é sempre muito fácil de cultuar
quando se tem um outro oposto como baliza...

terça-feira, 22 de julho de 2014

sobre a fé


inexplicável dúvida é a dúvida,
duvidar é uma questão de medo...
assim canto e assim me assombro
ao falar de dogmas religiosos em torno da coletividade
onde na maioria das vezes o verbo conjugado
é quase e sempre servido à carta individual... 
como não associar religião a poder, lei, latifúndios,
enriquecimento ilícito, hipocrisia, fomento de miséria...
e ao mesmo tempo exercer o exercício de ser social
algo relativamente fácil, onde o difícil é ser humano
respeitar argumentos de toda e qualquer religião
é o mínimo que se pode esperar do próximo  
mesmo aquelas que insistem em apregoar adequações,
aprisionamentos ainda que sejam em pensamento...
religião é politica, politica é lei e lei é regra
nesse conjunto que forma essa tal constituição
no rol das leis que são elaboradas e votadas
pelos que nós nos habituamos a chamar de corja de ladrões
pra essas eu assumo a minha descendência anarquista
fincada a todas as raízes esparramadas no cangaço...
e devo confessar do alto dos meus tamancos
ressaltando o meu mais profundo acreditar na fé
a minha solitária dúvida a certos pregadores religiosos
que comprometem os seus deuses entre céu e terra
com teses que não sustentam suas cercas limitadas
pelo pré-fabricado vazio universo de cifras santificadas
ora, se o mundo é vasto como disse o poeta
unir versos é o abstrato quintal de renovar poesias... 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

aos impostores


tentar estabelecer direitos iguais
entre os argumentos e as teorias impostas
por tolos cria dores de pequenos mundos próprios
é correr o risco de banalizar a oração da palavra
sob pena de corisco se apagar sem chama de lampião
da adormecida lembrança dos herdeiros do recôncavo
feito pó bélico remanescente dos chumbados soldados
enfileirados para a engomada revista dos coronéis
na triste cidade dessa real capangagem da história
cabe ao universo a vastidão dos pensamentos
assim como ao pensador o compromisso humano
heróis são como rótulos de impactos fulminantes
na mesquinha fabricação da massa dependente
não há falta quando o cabresto é a diversão presente
ignorar os benefícios alcançados pelos açoitados
é ação da cruel rotina dos que subjugam a arte
diante dos seus exclusivos interesses individuais
quem alimenta o artificial nado em vácuo
boia no rio de merda das máscaras bajuladoras
sei dos ensinamentos de colher no tempo
o exercício de cortar na carne, as dores do mundo
por ser dos coletivos aprendi a estreitar as distâncias
instaurar o novo sob abnegação da sabedoria
é estagnar-se oco rebocado em furta-cor
na vã ilusão das meras tinturas passageiras
reconhecer é dádiva de liberdade para os diálogos
e como já disse o sábio poeta paraibano
respeitem meus cabelos brancos...

terça-feira, 1 de julho de 2014

aos individualistas


a individualidade é como veto em equação vazia
se por um lado da igualdade é burra do outro castra
entre seus meios dançam os fins sem princípios
provenientes da avarenta casta dos abastados
além de mera e expurgada não acrescenta lastros
é triste tal qual seu nulo par de arrotar vantagens
a disseminar cercos infinitos por muros intolerantes
fixando ao próprio umbigo o descentrado absurdo
vontade que não passa pesa, cai em terra mão fechada
a necessidade de dois, três... é equivalente a distribuição
do todo, que durante séculos foi prevaricação de uns
é na individual ganancia que se emprenham desperdícios
como um legítimo comum social anarquista
devo confessar que gosto das castanhas
mas, assumo a minha preferência pelos cajus