o dia nasce...
rompe as frestas do
horizonte
num êxtase
silenciador
mas, todos os dias
o dia é nascedouro
e nasce sem a
licença das praxes
nasce
cronologicamente desigual
da mesma forma
incondicionalmente igual
e nós por dentro e
por fora dos nossos íntimos
nos embrenhados nas
fáceis individualidades
e aos milhões, nos
quedamos a dormir
ou a rodar cirandas
ao ermo
no oco esquecimento
da existência dor
como que dança na
folga das horas
loucos na alegria
travestida
de começarmos a
emprenhar o tempo...
feito corredores de
escorrer solidão
pelas estressantes
motorizadas derivas
sim, somos nós!..
exclusiva a mente
nós
meros passatempos
em vida...
e como já escreveu
um amigo poeta
“quem passa a vida,
não amarrota”.
e quem amaria
então?...
se apenas seguimos
a escurecer os dias de noites
nessa eterna ilusão
de esquecedores...