tenho aprendizado na ciência das dobraduras do tempo
sei ultrapassar o futuro, dar giração ao passado
e transvazar presente com lagrimas de sorrir
abrigo nos ombros ninhos de bem-te-vi, sabiá...
sou gero umbilical do arrebento da corda
um amador da graça de unir versos
sou a parte que me cabe em todas as artes
que dão partida às engrenagens da imaginação
sei girar na ciranda dos cata-ventos
soprar na circulação dos girassóis
de tanto gostar dos azuis
comecei repaginar com céu a realidade
ora pelo ciclo sinfônico dançante das chuvas
ora no louco circuito aleatório dos átomos!
sigo voando, rodando, caminhando, nadando
a favor da brisa assoprada, dos sábios caminhos,
das correntezas doces e salgadas
me encantam todos os desacostumes
sei das rotações abstratas, das distâncias noturnas
aprendi refazer os dias seguindo o ocaso!
tenho inclinação pelos esconderijos que musgam
limando os cochichos de não guardar segredos
gosto de fortalecer margens, atinar o desacordando sonho
e, como diz as linhas do velho ensinamento
se por um lado se vai, pelo outro eu regresso
no carrossel gira-mundo de idas e voltas...
nos cabe, a consciência da distribuição
o dever do reconhecimento...
não basta o mas,
é necessário acreditar mais,
há sempre algo para se descobrir...