sexta-feira, 13 de agosto de 2010

diária

farinha d’água pra matar a sede
sobra da rede cabeça de camarão
sol faz tocaia pra esconder boca da noite
doze delas sobre a mesa
apenas duas no fogão
zé do chinelo, seu joão pé de cachaça
jornada árdua pra fincar o barracão
deus da ajuda hoje não tem manda chuva
dez, a empenar folha de zinco
pra barro mole papelão
guerra de mangue lama ta pelos ouvidos
se o cerco fecha ninguém tem toalha não
o filho é feio com quem anda o compromisso?
na cidade mãe de coxas
bicho fraco ninho é chão
féria do dia qualquer lata-vira renda
esmola pouca cabe na palma da mão
em fila grande esperar tudo! nadar vale à pena!
a senha da misericórdia
é o sonho de pedra no colchão
santo bom já nasce na ladeira
de segunda à sexta-feira “salvai” a lotação
joga argamassa na bandeja todo fino é o trato na casa do patrão
um duro pra suar dois duros é viver
tres é pra curar ......... fazer sarar a dor

2 comentários:

  1. Olá meu tão querido amigo de todas as artes "Arrumador de Palavras"

    Até expressando a dura realidade do cidadão dos mangues e da farinha d'água com camarão eu consigo ouvir a arte tecida e musicalizada por tí.

    Teus versos ao reverso e do avesso me emociona e me faz acreditar a cada dia que sigo ou trilho no caminho certo.

    Desde quando te conhecí as minhas cores nunca mais foram as mesmas.

    Tua verdade cantada e teus versos emocionantes adoçam as minhas lágrimas.

    Beijos no coração amigo.

    Da sua amiga e fã.

    Sandra Cajado

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  2. Zezinho, muito legal esse texto!
    É incrível como sinto minha mente divagando enquanto leio seu texto, gostei de verdade ;)
    Bjão do seu filho/pai

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