quarta-feira, 30 de outubro de 2013

acolhedor

                     
fiz um trato com a dor
de despachá-la com passagem de ida
até aonde a vista não mais alcançar ver...
bem assim para lá dum bolso furado
desses que dão na funda escuridão
de uma cumbuca seca de água
dessas que não matam a sede da garganta
mas tem serventia de esconderijo
pra gente esconder um segredo tão bem escondido
que chega ate a perdê-lo de vez do pensamento
assim como tolo que tenta seguir
o insistente e árduo itinerante de afastar a dor
sem se dar conta que a dor é colheita de lavrador
a tão mesma dor que nos faz nascedouro,
cantador do mundo, escrevinhador de universos
orador da expressão, vendedor de beijos
arranjador da alegria, contador de estórias
criador da vida, guardador de estrelas
versejador da poesia, arrumador de palavras
abraçador da arte, acolhedor de imaginações...
muitas vezes o difícil exercício de colher dor
nos ensina o aprendizado de reforçar as palavras...

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