hoje a minha
sensação é de solidão cronológica
sofro sozinho num estar
só entre parênteses
consciente de que como
eu muitos outros
carregam o fardo
dessa majoritária angustia imposta
em fragmentos
calculados para o cotidiano banal
sinto-me pequeno na
redução de um passado a zeros
e, ao mesmo tempo de
ser e estar convicto
desses meus mais
desesperados anseios
sinto os meus pés
perdidos do afinco chão
na insegura certeza
de não haver mudança nesse jogo
de cartas que
sempre estão viciosamente marcadas
brotam na sombra
das mangueiras aos bandos de ases
numa corrente
arrastada por não suportar o peso
e diante do espelho
mofado se refletem em inercia,
em falência, ausência momentânea de sentido
hoje sofro porque
nem a minha própria arrogância
consegue se livrar desse
pobre sentimento
de humildade, rechaçado
dos direitos de nada
prostro-me ainda
que num só joelho ao chão
mas, não por reverência
e sim por uma inclinação vil
incapaz de ser
capaz de qualquer explicação plausível
desse meu rir ou
chorar do nada ao inoperante tudo
ainda que meu nadar
não seja o tão somente vazio
para esse todo que
se diz semente para todos
para esse soar
descarado abraço de fácil conspiração
hoje as minhas
perspectivas subtraem amizades
a cada amigo que
perco ainda mesmo que de vista
nessas tristes
distancias que pouco sei mensurar
diante dessa minha
cegueira momentânea
desse meu lapso de
fala sem adereços de memoria
sinto-me como selo
usado desnudo do meu nu
pela vestimenta de
um carimbado discurso de maioria
na prepotência de
uma comunicação quartelada
e por mais que os
patronos aos poucos sejam desmascarados
nenhum esboço é
traçado para o retrato de reconhecimento
seja por causas-dolos
nos usos das redes de tramoias
ou pelo holocausto
da apropriação indevida de almas...
hoje me sinto oco
diante dessa loucura pejorativa
falta-me qualquer
recursos para a tal insana dignidade
dos que ousam bradar
suas cínicas reputações ilibadas
sinto-me
esquartejado a essa indumentária de cordeiro
que de deus espero
tão somente ser filho
e não blasfemar com
meu desassossego em quem amo...
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