quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

íntimo



céu azul...
que lá no infinito toca o mar...
terra...  a saudade é o ar
que trago nos pulmões
e o meu amor são seus azulejos

domingo, 23 de dezembro de 2012

trago imposto



enquanto os principais  focos concessionários da comunicação
provierem dos engomados pé-lá-sacos da rede do ar marinho
conjuntamente com as outras que nem fedem nem cheiram
formando o disfarce picareta desta quadrilha corriqueira
os pares serão como tristes duvidosos ímpares do jogo
pela condução da partida por um partido sem graça
onde só um lado ri enquanto outros pífios correm
e lá vai, lá vai, lá vai... e lá vem, lá vem, lá vem
a triste cidade irônica da unanimidade caolha
nada tem pra acrescentar ao convívio social
além do seu manuseado áudio distorcido
em forma de vis torturantes afiliações
retrato macabro do abraço fúnebre
que esvazia veneno ao tempo
amordaça cata-ventos
e sem argumento
finda de resto
 sob medida
amarga
cálice
do
trago imposto

sábado, 15 de dezembro de 2012

embolando



prefiro dar nós nos cadarços descalços
e misturar-me no reboco dos quintos
a ter que seguir a praxe dos laços viciosos
que a longo tempo gera exclusão
não rezo historias na cartilha dos homens
gosto é do fogo da fogueira inusitada
joanas queimam em minhas veias
na erupção de lava poesia
tenho inclinações pelas palavras esquecidas
sou de embolar as redes no temporal
certos segredos capitais são como caixas vazias
a guardar a vã realidade mesquinha
sei dos sonhos acordados, das cirandas dos contos
pras bossas certinhas tenho uma pá de erros
trago comigo o meu aparador de tristeza
com ele aprendi a reticenciar a feliz cidade
o sabor é a arte que mistura nas línguas
é no embaralhar da ordem decrepita
que jaz a epilepsia dos decretos
quem abre as fechaduras dos muros de direitas cerradas
sela com beijo de esquerda em cor de sangue
a soma pelas distribuições...


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

rascunhando abrigo



corro no infinito lastro azul do céu
sou das terras do sem fim
todas as sinfonias do além me interessam para nadar
boiar no rio do pensamento faz sorrir de graça
trago o brilho de cada estrela solidária
no meu emaranhado manto
que abriga meu imantado coração
sei aquecer de sol a alma pelas asas das borboletas
num deslizar e pousar sobre o trilho das letras
refeito na compilação de telhados
do meu aprendizado em giração das mentes
sei também me deixar levar por todos os sonhos
seguindo os intermináveis escorredores de labirintos
onde nenhum minotauro é capaz de me fazer tremer
tenho licença de cavaleiro das tecnologias mitológicas
assim como as tramas dos barbantes
tecidos pelas linhas das mãos
como herdeiro do reino das sábias rendeiras
aprendi que a vida transvaza nos poros
e faz render lágrimas nas chuvas
que todo universo cabe na sutileza dos versos
sou aprendiz da ritual dança das luas
elas seguem me ensinando a quarar os cordéis de sinhazinha 
como um guardar o amor arando o mar
o melhor abrigo é sempre aquele
que abriga o que temos de melhor

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

intimamente VII


  
repagino de sol todas as minha coleções de letras
como quem segue dando giração à vida...
ao longe ressoam as campanas dos carros-de-boi
e os cães alardeiam a proximidade alheia...
pelas brechas das palhas enxergo um ponto de mar
em meio a verde sussurro do verbo amor...
nenhum naufrágio supera a espera da embarcação
a chegada é prenuncio futuro da partida...
sentir saudade é parte itinerante da nau angústia
sou cicerone das águas, da arte escrever...
sei saciar a minha sede com fragmentos de alegria
que extraio da intimidade das palavras...
a simples essência beleza está ao alcance dos olhos
refazer ação paciência aflorar percepção...
aprendendo o insólito exercício de me fazer poeta
passei a quarar as poesias pelos varais...