quarta-feira, 26 de setembro de 2012

mero engano



refazer pensamentos é a fácil necessidade
das mentes de giração
no exercício de rever os velhos conceitos
difícil é fazer valer a pena a fortaleza da palavra
seja expressada pela ternura veemente das poesias,
pelo lirismo cortante das canções
ou há tempos atrás pelos gritos de revolução
quantos morreram nos confrontos!?
para que outros fizessem seus nomes
quantos eu li por suas façanhas pela história
entre outros tantos que vi serem aclamados por multidões
a arte não pode ser financeira
para que o artista não se torne a mera moeda
nada é mais triste do que a arte forjada
as desartes são como meros enganos
a única mascara que cabe ao artista
é a da sua própria arte de doar-se
enganar as massas com o homérico fascismo yankee
é o mesmo que matar-se antes e depois a cada segundo
no continuo desprazer da camisa do suicídio
quem tem padrinho é chibata em benção de coronel
a arte livre passa o chapéu para não ter que rodar na aba

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

chuleismo



se chuleia dai eu chuleio de cá
e haja saco pra aturar essa sauna romana...
- regra do jogo segundo seu-mar-siglia;
vejamos...!
não é necessário contato para marcação da falta
se o jogador fingir que vai cometer a infração
e o adversário cair...
o fato faltoso esta consumado.
jumental-mente dito, por quem baba no saco maior
mas futebol não tem contato físico?
sim e não, dependendo da química...
se for a do norte consulte jonh casteleta.
oligarca da serie “esse jumento também mama”
e fica dito pelo desdito
- regra do jogo segundo seu-ar-naldo;
convenhamos...!
dependendo da ocasião, há impedimento até por atraso
se o jogador entra na grande área com a bola
e o defensor corta a jogada contra a sua meta
jogando a bola nos pés do atacante que faz o gol
o mesmo devera ser de ato pronto anulado
pois, o atraso não foi intencional...
bucéfalo-metricamente dito, por quem entende do metiê
e quando o defensor vai ter intenção?
quando for comprado pelo time adversário.
ora bolas, que pergunta besta.
para comentar as rebolas nas redes do armarinho
consulte o custo do cabresto com quem tem a chibata
e fica dito pelo desdito
se chuleia dai eu chuleio de cá
e segura o saco que é pros bagos não bater n’agua...

terça-feira, 18 de setembro de 2012

prisão


da tela ao ermo da serventia de gaiola
nos desfazeres sociais do seu absolutismo barato
que se espalha no facho exorcista de luz
em todas as formas de aprisionamento
da dolosa gravata de formol ao golpe de xilocaína
nos longínquos gritos de grades da praia vermelha
que ainda hoje ecoam no tempo
pelo passatempo silencioso de prisão
refletido na hostil certeza do “concreta dor”
da insignificante e covarde globalização
via peste contaminante de comunicação armarinho
que finda no cárcere de si mesmo 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

explosivo



os velhos escarrados coronéis estão caindo um a um
em suas valas finais feito guimbas de cigarros fúnebres
no mesmo retrógrado desprazer dos anos de alastramento vil
e que agora são cobrados na unha ausentes de piedades
no algoz sofrimento corrosivo solitário dos desalmados
que burlaram a vida na fútil tentativa de enganarem a si mesmo
resta ao conjunto dos ditos primatas, capitalistas, selvagens
a réstia dos bueiros como serventia de suas furtas obras
juntamente ao déficit da cútis amarela em tonos de cânhamo
que se alastram pelos enrugados escombros que o tempo impõe
como peso do vício dos podres poderes sem o canto burguês
a findar-se também como sebo de enxofre nas piras
contraídas pelas novas crias incompetentes de lastros...
a grade rui, urge o clero apodrecido no relento da carne fria
e nem mesmo  o doloroso escárnio da palavra dó, lhes cabe
diante das tais quais inúmeras, entupidas, dolosas vias imunes

terça-feira, 11 de setembro de 2012

intimamente V



talvez eu devesse me preocupar apenas em contar estórias
no desnudo desmantelo dos dias a correr na sede dos rios
a encharcar o verbo com pura intenção de selar com beijos
os diversos aninhados recantos dos pés de ouvidos alheios
calçados de pouco saber, às vezes saber demais gera estafa
por isso desgosto do ponto marcado, prefiro seguir a lenda
sei rodar ciranda entrelaçado, redesenhar noites de estrelas
nas minhas andanças aprendi com o silencio da escuridão
a contornar as pedras guiado pela magia do céu enluarado
gosto da língua do fogo para aquecer tambor, abrir diálogo
numa longa e vaga conversa com o meu amigo vaga-lume
foi que descobrimos que há tanta beleza pra ser desvendada
por trás das luzes artificiais dessas gerações reprogramadas
que é necessário palavrar o tempo por intermináveis linhas
até nos embolar de vez no carretel pelo universo dos contos
como pipa solta desninhada de cabresto e levada pelo vento
a multiplicar traços pelas tortas vias de mãos imaginárias
para enfim desatar cada nós do nó e nos libertar em versos

terça-feira, 4 de setembro de 2012

o livro



                no pé de orelha
i
o livro de luis
é lima laranja e limão
leio e gosto de ler o livro

ii
o livro de luis
é criação e imaginação
é exercício radical de giração

iii
o livro de luis é poesia
do início ao precipício
do amanhecer ao fim do dia

iv
o livro de luis é livre
sem papas na língua
e sem cabresto

v
livre é o livro
que você tem nas mãos
livre-se dele ou leia-o

vi
o arrumador de palavras
além de livre é livro obra e objeto
é sujeito em movimento

vii
vale entrar no livro arrumador
e se deixar levar
ele é poesia radical

viii
poesia escrita
falada e cantada
poética arte visual

ix
o livro é arte viva
é arte o que você tem nas mãos
entre e viva o livro

x
de boca a orelha
de boca a boca
de modo singelo recomendo


leia o arrumador de palavras.

                           mario chagas

domingo, 2 de setembro de 2012

sobre o medo



o medo é a sensação medonha
que a coragem se esqueceu de esquecer...