segunda-feira, 26 de maio de 2014

rabiscador


que ladrem de suas frias tribunas
os meros entendedores do mundo real
por entre sombrias arrogantes e prevaricadas
doutrinas pré-datadas em cópias de felicidade
quiçá possam entreter essa ínfima corriola
inutilmente travestida de maioria
sem se dar conta que a arte é alada
que as borboletas emprestam suas cores
aos que riscam de sorrisos o ar
aprender o ofício  de rabiscar dor
é como revestir-se em seda de acasalamento
que a cada giração do imaginário dá asas ao além
e faz ventilar a regeneração da simplicidade
que serve de abrigo ao oculto ensaio desejo
raro e inexplicável da ciência sonhar
a vida é a intensa sentença de viver
sem sonhos a realidade é como um filme vazio
que não enche a moringa de matar a sede...

quinta-feira, 22 de maio de 2014

seria contraste social se a comunicação não fosse velada...


pobre é pobre tendo em vista o difícil combate ao parasitismo
e ainda partindo do princípio que do verme à bactéria
traçamos uma parabólica viagem com tantas escalas descaradas
que a sobra do resto somada aos dividendos não dá um vírus...
então, nos resta perder de vez essa tal vergonha na cara
se é que a vergonha de cara cabe em parte a face do ser humano
mas, é bom destacar: o saldo positivo da luta contra a pobreza
é fato recente... que ainda enfrenta a dura resistência
da crescente individual tendenciosa rede fascista
que atende pelo seguimento de seres “preparados”
contaminados pela meta de ficar rico custe o que custar
numa equivocada tentativa de querer ser o que não se pode...
rico é rico seja dos quintos adjacentes que for
ninguém fica rico e nenhum rico trabalha a dor...
já aos lúdicos com inclinações a coroinhas de alma pura...
devo-lhes confessar que não há na história da humanidade
um conto de riqueza que não tenha sido instaurado
maquiavelicamente sobre a consolidação de miseráveis...
aaah minha avozinha!!! se água benta curasse o clero babão
o capeta abria falência, levando de quebra a coca e a cola
no labirinto dos dias é contada a estória de um filho pobre
pobrezinho “de marré deci”, que não conseguiu desenvolver
uma só habilidade por causa da satânica seita quantitativa
uma ciência matemática que se não mata, extermina sonhos
algo que nem o seu aurélio conseguirá um dia prescrever
seja em bula ou no santo livro pai de todos os burros...
de que para pobre não existe a palavra oportunidade
o que faz restaurar as cruéis migalhas da imposição
o mundo é sempre pequeno como ditado muquirana
cabe ao pobre ser sempre o marginal, o vagabundo
tudo que há de desqualificado, até findar na triste frase...
“já nasceu com sangue ruim”, e entre fofocas e mexericos
eis que paira a pergunta: o que é ter sangue ruim?
devo de novo confessar que por mais que tente compreender
não consigo imaginar de longe o que seja sangue ruim...
cabe ao pobre a deriva sob sentença de sangrar
pois nunca lhe é dado o devido direito de história
fora alguns que ganham pequenos relatos
quando oportunos sanguessugas de plantão
enxergam a chance de faturar em cima...
não há nada mais pitoresco nos dias de hoje
do que ganhar dinheiro em cima de pobre...
e posso afirmar que não são os ricos que o fazem
como já disse, volto a reafirmar veementemente
os ricos não fazem nada, somente gastam dinheiro
dinheiro de rico brota na fabula do pé de feijão
mas pobre nem adianta plantar porque dá bicheira
agora! de contra partida filho de rico é tudo informado
coisa de chefia! fashion gang pestalozzi entretenimento
seja com drogas modas s/a, ou com grilos chiques ltda
os molambentos sem habilidades por falta de vontade
sempre são agraciados com o kit-viagem-pro-states
e com pranchas nos sovacos vão tirar onda mundo afora
gastam uma ruma de dólares, fazem merda aos montes
e já no finalzinho copiam um roteiro de sucesso
desses enlatados anglo americanos que a rede globo
ajudou a emprenhar por mais de cinquenta anos
diz que fez curso de cinema, que tá voltando pra casa
junta uma penca de artistas da cia... puxa-saco
produto que não falta em qualquer prateleiras do mercado
lança um curta que não fede, um longa que nem cheira
e ai é tudo na moral... na dança vira-vira celebridade...
aah minha avozinha!!! nessa imoral idade
não faltam ao saco fecal do irmão pedro qualquer
chulas retóricas baratas nos buracos das fechaduras
e o que certamente deveria ser um contraste social
nunca vai passar desse nosso cotidiano piegas
onde a pobreza d’alma é o adereço em mortalha
a vestir a escoria vitalícia comunicação velada

sexta-feira, 16 de maio de 2014

sinceramente


se cabe ao ignorante
a abastada ciência de ignorar
ao infeliz puxa-saco
cabe a de replicar o efeito cópia
no vazio julgamento de culpa
dos substantivos de classe comum
 condenando-se em seu próprio arbítrio
então, como já dizia meu grande amigo poeta
a memória é um jogo esparramado
tal qual o fogo da louva-deus
lembrar é que muitas vezes
se torna um árduo quebra-cabeça
que no seu perfeito encaixe
ainda que passível a defeitos
faz sobrar nas rebarbas
obsoletas peças narcisistas
que somam as suas amarras
a triste subtração de asas... 
devo confessar no disparo da minha saliva...
se é para relatar o pretérito sem futuro
desse mesquinho inverso careta
sob o qual foi subjugado
cotidianamente o povo pela imposição
prefiro conjugar em verso
o novo futuro do presente
que abre suas portas
para todo tipo de  distribuição...

quinta-feira, 8 de maio de 2014

mal dito


devo em primeira mão confessar
essa minha inclinação discordante
a certos engomados ditos populares
a certas frases de cunho impactante
que na labuta corriqueira do boca a ouvido
num mal ditado endossado pela cartilha
ajudou a eternizar esse medíocre cotidiano
do vale tudo ainda que não pese o vazio
ah minha saudosa avozinha! de quatro ou dobrado, 
a ocasião que faz o ladrão é mandato...
que me desculpe profundamente seu nelson
no pleno êxtase da sua dramaturgia
mas a franqueza quase e sempre
esbarra na fraqueza dos furtadores da arte
homens de bem não necessariamente
deveriam ter a ousadia dos canalhas
a um canalha só lhe resta o consolo de outro
numa escala subserviente que se escora na lei
culpar o judiciário pelas inoperâncias escusas
quando o feitor atende pelo nome de legislativo
é o mesmo que lançar palavras ao vento
elegendo a chibata como justiça social
há de se dar nome aos vagabundos de toga
para condenar os verdadeiros colarinhos chiques...

terça-feira, 6 de maio de 2014

hermanos


sim somos irmãos senhores
nossos sangues se misturas nas canções
somos la graça das palavras em todas as cores
entoadas na junção de nossas vozes
somos samba, rumba, cueca, bumba meu boi...
sim somos hermanos centro sul americanos
nossos sonhos traduzem el espirito continental
somos praça movimento, terreiro, terraço
quintal herdeiro de todo e qualquer paço
sim somos irmãos senhores
somos alcântara, cantaria, terra dos telhados
nossos abraços tem a luz da paz del cielo andino
sim somos verdadeiramente hermanos
passageiros de la nave tierra
com destino a estação esperança...