sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

intimamente XIII


 
hei de extasiar os meus loucos delírios poéticos em cada poente olhar
pelos desnudos da liberdade dos mais íntimos escritos sentimentos
e ainda que arredio que estranho a muitos ou entranhado em poucos
possa esparramado sol descobrir em mim a sutil feliz cidade alheia
como aqueles que consolidam laços a construir pontes imaginárias
que nunca findam em abismos pelos vastos universos de abraços
numa fraterna explosão de apreços seguidos de beijos repaginados
e ainda que se sobrepese a carroça com essa desesperança imposta
ao açoite do chicote no lombo pelas ferraduras de encabrestar passos
ainda que pese o reboco da sombra dessas camufladas armas duras
que sorrateiramente amargas se acostumaram a circundar a palavra
nessas hereditárias e paralíticas praxes cegas de emprenhar escombros
num inútil escorar-se por intenções seletivas deprimentes e delatoras
por estes dias em que “executa dores” sumários castram a criação
com suas medíocres tramas desprovidas do ardente tramado amor
eis, que devo confessar aos meus amados e distintos interlocutores
que sinto a vida no pulso mutirão, no simples plural humanidade
pois pouco sei dos esboços dos traços desses tais suntuosos castelos
e muito menos dos seus habituais boçais a ostentar padrões fúteis
de uma solidão que serve de armadilha para o oco vazio d’alma
como aprendiz da terra batida, do logradouro aninhado das mãos
sei dos contos lavrados de limo, da lama que faz voltar o tempo
do barro encarnado de contar as girações banhadas de orvalho
e por ser irmanado das raízes, das nascentes, do cais das cores
gosto dos movimentos, da união pelas múltiplas diversidades
daqueles que tecem elos e fazem expandir a interlocução d’arte
dos que sabem chorar afluentes, pois antes aprenderam a sorrir
daqueles que abrigam amizades pela necessidade de emanar calor
dos que somam a multiplicar o hábito de alimentar a distribuição
daqueles que ensaiam o improvisado desejo a redistribuir encantos
              dos que por fim fazem o real cada vez mais próximo dos sonhos               
e se for para quedar entre aquele que só diz e o que nunca faz
prefiro a versão mão daqueles que guardam os calos da história......

sábado, 18 de fevereiro de 2017

sobre o neutro




como não enaltecer a estranha tão estimada arte
ainda que tenha sido posta a serviço de cama
a coma das antigas e novas monarquias impostas
em gélidos coices a dotes de perdurações precoces
devo confessar aos solitários burladores do tempo
que a sublime riqueza da arte esta na doação
que os palcos são relicários ninhos múltiplos
não há como negar nessa mãe sentença vida
que o lastro da energia é positivo ou negativo
já o neutro é feito muro para o escoro individual
não geram diálogos tão pouco opiniões divergentes
apenas escutam o lado vantajoso para confluir
feito sanguessugas no vazio roteiro abano de rabo
em reverência ao coito, na continência batida
devo confessar aos guardiões de sacos escrotais
que discordar abre caminhos em versos reticenciados
e tolas são as mentes estagnadas as rédeas do achar
que a ignorância não esta no ato de ignorar a si
e aos motes das cartas que não lhes são atraentes
que o ponto de vista dos cegos esta na bengala
o perigo de confundir a esmola com a benção
esta no árduo peso que se emprenha aos joelhos
talvez seja possível contar na precisão dos dedos
os raros artistas que não se julgam os tais os espertos
que não se misturam de prontidão as oligarquias
tão pouco necessitam pensar duas vezes sem piscar olhos
para aponta-las ou não como corjas de vagabundos
nada pode ser mais triste que a terrível constatação
arte e política entrelaçadas em fisiologismo de serventia
onde dificilmente a neutralidade artística se reconhece...

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

sobre verdades



talvez seja necessária a afirmação das dúvidas
para que sejam revistos certos conceitos pré-estabelecidos
por aqueles que detém o poder da tinta que consolida o som
preponderando-se como avaliza dores de destinos
nos seus bravateiros jargões revestidos pela chibata
seria como um mergulho profundo pela história dos homens
a indagar a morte antecipada de bruces de jonhs de gandhis
entre outros chicos assentados nos campos urbanos e rurais
mas é de vital importância estimar o valor da boa conduta
pela total e imprescindível abstenção dos olhares unânimes
acostumados pelo temporal a acreditar nas luzes artificiais
debruçados sobre verdades absolutas a pré-julgarem o alheio
sem nunca perceber que a realidade são fatos consumados
cabíveis a qualquer interpretação ainda que forjada ao coletivo
saber contestar o orador é fazer valer o exercício oração social
ninguém é alguém sozinho, tão pouco o dono da razão
subestimar a inteligência do outro emprenha redemoinhos
como no jogo entre cartas e fichas a correr sangue cifrado
porque a mão que se diz perfeita por vezes não resiste ao blefe...