domingo, 24 de abril de 2011

ventre


a vida inicia-se pela corda do ventre
tudo acontece no exato momento
em que se destina acontecer
quem tenta driblar o tempo
pede corda ao relógio

domingo, 17 de abril de 2011

vasco da gama


és a gloria meu pavilhão
teu nome é arte por tradição
és meu grito de guerra ao coração
e por onde passes
só podem chamar-te campeão
terra, céu e mar
em qualquer cenário és um vencedor
mil anos vão somar
ao teu centenário cheio de louvor
salve o santuário
meu são januário protetor
eu sou da casaca sou navegador
sou vasco da Gama
e a cruz de malta
é meu grande amor...

auscultar


não há regras, estudos, para explicar poetas,
há apenas que se auscultá-los

sexta-feira, 15 de abril de 2011

no reverso


trago nas mãos a soma dos dedos
sou refeito ao sol, no aninhado das luas
refaço versos, inalo sons, reforço teias
sou o ganhar e perder de sentidos
na multiplicação de mudas harmonias
sou o beijo roubado da boca do vento
o frio murmurar na suave tez da manhã
sou como passos, solidez dos caminhos
marcas rumos, rima, arrumo de saber
sou inexato pela transformação das palavras
para tudo que se diz exato eu tenho sempre
portas abertas pras revoluções

quinta-feira, 14 de abril de 2011

ilusão fatal


dura rotina em delírio, ilusão
mundo distorcido, rota de colisão,
plataforma armada, inferno ao vivo,
mente adulterada, tempo sem direção,
dolo corrompendo alma, perda da calma,
medo estampado no rosto, atos sem compaixão,
risco inevitável, caos instintivo,
falso brilho nos olhos, imagens sem nitidez,
mãos algemadas a espinhos, vida sem lucidez,
grande abismo em re-volta, profundo buraco no chão,
precipício do coma, lentidão do absurdo,
alívio em mero disfarce, pura analgia inútil,
furto da inteligência, negligência do abuso,
raso prazer flagelado, triste alegria re-fútil,
tiro certo no cérebro, solidão do escuso,
tolos aviões da terra, trouxas em papeis estrelares,
infame comédia ambulante, drama re-cama asfalto,
mal que entra no corpo, onda que corre banida,
seqüestra órgão, alucinação homicida,
opção, controle, domínio, questão,
dura rotina em delírio, fatal ilusão

quarta-feira, 13 de abril de 2011

sólidos caminhos


os sólidos caminhos,
não correm riscos
dos passarinhos

segunda-feira, 11 de abril de 2011

do's amigos



nunca fui da arte política, detesto os politiqueiros,
mas devo confessar minha total simpatia à palavra
sou amigo de las companhias, da boa vizinhança
daquelas de muitas gargantas, cheias de linguas
de três por quatro falando alto ao mesmo tempo
para não restar dúvida nenhuma de que o final
será da plena e total falta do lucro entendimento
por obra do acaso, ou seja, por força do destino
tive que pular, parcialmente, o muro da universidade
justamente quando cai no imenso quintal do mundo
virei sócio do ócio criativo, um amador lirico poetico
não consegui uma vaga no trem socialista cubano
isso me tornou um grande amigo do presidente lula
e ainda que ele não saiba que somos, basta-me ser

domingo, 10 de abril de 2011

entre


entre uns e dois, há meios,
cheios de pensamentos


sábado, 9 de abril de 2011

sinestesia



senti um suave beijo no franzir da testa
como um ranger de folhas secas outonais
que se decompõem enraizando caminhos
como um estalar de passos na terra batida
que se compõem de rastros, de fragmentos
senti a fina chuva rastrear todo meu corpo
como um molhar d’alma plena pelo sorriso
que se alastra serenamente como trepadeiras
como o ar rebote lingüístico camaleônico
que se camufla pela seda tez do pensamento
era um entardecer verde meio acinzentado
em meio ao sussurro de uma densa floresta
que se abraçava aos meus cabelos grisalhos
assim, sinto passar o tempo, girar o mundo
assim me quedo a olhar o meu lado do rio
no transladar da minha mente de giração


quarta-feira, 6 de abril de 2011

nada em tudo


toda busca a todo custo
nada custa tudo busco
nada é nada e tudo é tudo
no tudo ou nada, tudo nada
um dia, descobri ao nadar,
que posso transformar
quase nada em tudo
sempre que preencho
quase tudo com nada

terça-feira, 5 de abril de 2011

pé-de letra


 na oração, pé-de letra,
nascem todas as palavras 

domingo, 3 de abril de 2011

tatear a poesia


eu preciso tatear a poesia
por um longo, longo tempo
para aprender a enxergar o mundo
pelos olhos do mestre manoel
sobre as minhas essências de barros
sou cada partícula de terra
esparramada pelo tempo vitalino
sou cada acorde abstrato
num azul avatar madrigal de mário
sou um colecionador de letras
um arrumador de palavras

sexta-feira, 1 de abril de 2011

falesiando


se falas por falar,
falácias
se falas por poesias,
falésias