segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

seu nome


esse ser amável complemento decifrável
ama inabalável sua simetria
corpo descartável vago alma transbordável
signa fiel seu dia a dia
esse ser cenário argumento temporário
gero imaginário fruto sua cria
pronto prontuário letras linhas do diário
ritmo prefácio pra sua alegria
esse ser viável modelo futurível
sempre redutível a sua energia
dose embriagável alto fogo insecável
flama cartel sua primazia
esse ser contrário ao falso itinerário
raro usuário a sua filosofia
santo santuário rezas crenças incensário
ritos artifícios pra sua magia
guarda pra você o grão de ser feliz
água pelas águas seus desejos vis à vis de si
o trem das cores vai passar aqui
e assim como um deus mano eu vou gritar
seu nome... seu nome... seu nome...

dos lados


“se a despedida é como
despir-se em solidão,
então a espera é como
vestir-se de esperança”

domingo, 26 de dezembro de 2010

no cangaço

extraio o doce da minha arte
no duro sabor das rapaduras
sou filho dos virgulinos lampiões
e das diversas marias bonitas
minhas palavras se embolaram
nas partículas de poeira do reconcavo
no cangaço fiz juras de eterno amor
com tantas bocas de sede
e no meu chapéu abriguei sonhos
aguardando das chuvas a renovação

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

estórias de um pé de natal


eu nunca fui das esperas, tinha e ainda tenho a amarga facilidade de me remeter às longas filas aos chatos sistemas de atendimentos que se dizem modernos; às ante-salas com suas mesmas revistas fora dos prazos das veracidades; à solidão do cais tanto pra quem fica, quanto pra quem não o leva e apenas parte etc., contudo aprendi a esperar porque sempre fui um aprendiz dos sentimentos, fiz com minhas esperas de criança com ou sem vésperas uma invisível amizade com a esperança, um trato de boca em duas partes, uma de ser feliz e outra de ser intensamente feliz. desde então com giz passei a escrever a minha felicidade. como alardeio aos quatro cantos, sou filho do tempo, em pleno modo real movido pela lógica dos tolos, que ainda mora dentro de mim, mas que faço questão de desaprendê-la ao mesmo passo em que aprendo os sábios princípios poéticos do tempo do além, e nesse só entram os predestinados conversadores em seus mágicos assuntos repletos de sonhos. hoje a atmosfera é da graça pela graça. eu venho em meu refinado passo, como todo singelo aprendiz do mundo das conversas fiadas repletas de todas as coisas que compreendem a existência e, principalmente, de coisa nenhuma, do universo faz de conta de um reino do além muito distante, muito mais distante da matéria física, que se baseia apenas pela certeza de que o mais certo é sempre algo que nós... ah! deixa pra lá! vamos nos enfiar no outro que é perto demais das noites de vagas-pirilampos com segredos descobertos pelas sete chaves das portas encantadas de abracadabra, pela proteção das fadas madrinhas em seus toques de condão, em meio aos anjos de guarda eterna criança, dos duendes em escutas camufladas pela floresta dos seres desacordados do sr. noel.

- era uma vez uma linda menina com seu entusiasmado, ávido olhar...
- era uma vez um amador lírico e poético arrumador de palavras em sua giração...

feliz natal de arte pela arte a todos

que o mundo possa prosperar esperança/ que a gente possa/ sempre brincar de ser criança/ que o céu seja sempre azul/ que cada pedido seja uma estrela/ pra terra ser mais feliz/ que a gente plante e colha natureza/ sonhar é bom/ mas que o sonho seja realidade/ se é dezembro vamos brindar/ se é dezembro vamos dar as mãos/ e plantar juntos um pé de natal

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

digitais


fiz um trato de boca
com a era digital,
haja o que houver
eu sou das digitais

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

afinando


para todos os assuntos
de língua afiada
tenho diversos tons
na minha afinada
sou parte da engrenagem
da giração do reino
da conversa fiada

teorias do além


sigo por mãos a tecer arte
não sei explicar os manuais
então vôo em meus cantos
minhas teorias são do além
doutores no mais das vezes
se escondem por longas filas
das tristes e gélidas ante-salas
nunca fui das esperas
sou parte sou fundamento
fragmento de coisa nenhuma
esparramado solto no ar
numa eterna construção
do tudo e do nada

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

inveja


“entre a inveja e o sucesso
há um árduo caminho a ser trilhado,
que vai bem além da vã filosofia
dos seres de pouca alma”

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

um tal cento de meia-dúzia


era uma vez uma tal rádio
numa tal cidade que tinha
uma tal universidade com
sintonia na tal freqüência
estação fulanos de tal sob
infeliz coordenação duma
tal dupla de dois munida
por uma tal especialidade
peculiar de auto premiar
subjugando atropelando
sem o prévio consenso a
intelectualidade... alheia
tristes moldes decadentes
evasivo pelegrino da lei

eh! oh! rádio eh! oh!


se a rádio não te toca
tu não tocas no rádio
se a rádio não te toca
pra que tocar no rádio
se a rádio não te toca
que a rádio toque na
casa do... eh! oh!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

coisa nenhuma


sou sócio de carteirinha
com foto de lambe-lambe
carimbada e certificada
com selo de bate-boca,
das companhias de um,
de dois, de dez, desespecializadas
das tecnicas dos embates, dos debates
que muitos costumam dizer que
não dão em coisa nenhuma,
ora! coisa nenhuma
é o meu assunto preferido

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

jardim do eller


distinta beleza perfil e performance
numa elegância viva e extrovertida
num raio sem dimensão
a garganta profunda
de uma flor chamada cássia
calcada no jardim do eller
fácil é ouvi-la cantar
como ela canta
distinta beleza perfil e performance
numa elegância viva e extrovertida
e a minha perplexidade
é a total garantia
de que um dia a minha voz
possa pra sempre na sua voz
perpetuar

ponto de vista


"tolo é imaginar que os cegos
não tem ponto de vista"

domingo, 12 de dezembro de 2010

espertadela


cara carolina
flor de espertadela
carol carolina
luz que gira ao sol
minha carolina
você não é de pano
mas é minha boneca
se eu digo que é um
você já diz dois
se eu digo que é três
você já corre aos seis
menina carolina
nunca se esqueça
cresça, cresça
esperta carolina
que um dia foi de colo


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

tecnomentologia


técnico embulado de métodos banais
em suas tecnologias sem sustentação
velhas e novas novelas da era digital
mídias pobres produtos globalização
esta em mim meu codinome digitais
sou do mundo real do reino palavra
lépido aprendiz pras rotas abstratas
das altas tecnomentologias do além

rumo da lua


sou um eterno apaixonado
por todas as nuances da lua
gosto das tuas metamorfases
enquanto fazes e desfazes
por rumos de rimas desrimadas
em teus mares aos meus lares
gosto das possíveis ou não arestas
que franze em minha testa
ao mirar-te a distância
no tempo tão próximo
gosto da tua rara comunhão
das tuas formas plena e real
na minha lúcida luz certeza
de que nunca fostes alcançada
gosto dos teus múltiplos nus
até mesmo quando disfarças sol
brilhando aos que estão na rua
gosto mais gosto intensamente
quando soltas este largo sorriso
ao descobrir a farsa alheia

domingo, 5 de dezembro de 2010

poetas@comrimas.sem


“não sou um rimador
na verdade quase sempre
me abstraio das rimas
minhas rimas
são muitas vezes partidas
elas partem
e não rimam”

titã


“ tão pequeno tão
ao tempo fincou-se cão
metamorfoseou-se titã
ao olimpo pertences”


http://sandracajado.com.br/category/colunas/luis-lima-arrumador-de-palavras/