sexta-feira, 30 de novembro de 2012

minador


às vezes... às vezes... às vezes...
são muitas vezes!
e tudo me parece ser como exercícios de redemoinhos
com acabamento final em pleonasmos viciosos
pela fenda de enxergar o horizonte
ora o abrir, ora o fechar de portas
janelas se acomodam diante das dobradiças
rangem corpos que jazem a triturar almas
essências são contas a contar gotas
toda constância não soma uma contração de estória
lástimas são contradições em forma do dito
heróis...
ah! se há heróis,
eles já nascem como meros coadjuvantes
nessa triste história de vilões
onde a erosão é a câimbra parida
que serve de herança nesses campos minados...

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

aos sorrateiros


  
em quantos copos cabem um corpo?
se o trago de sangue rende um lado de morte
enquanto a vida medíocre é mapeada
toda arte apoderada
esvazia o temporal d’alma
assim como o poder se ajoelha ao tempo
feito solidão em cifras farpadas
a recortar a dilacerada farsa irônica
revestida em carne podre
que até mesmo os abutres rejeitam
só o ermo serve de descanso ao pus
nessa insistência em fazer moradia no alheio
qual noção cala uma nação sem oriente?
se o marca-passo é servente da imposição
se é pra ferreiro de passar,
prefiro a gula de matar a fome...

sábado, 24 de novembro de 2012

desalinhando


        
no largo de sorrir é que se desencontram as tristezas
há muito sei ser triste pelas horas da imposição
mas sei melhor desembrulhar segundo à segundo
as vestes envoltas no despir da feliz cidade
então devo confessar na presença do segredo
ser o louco apaixonado dos infinitos sorrisos
o enluarado pescador de um inexistente cais
e, de tanto repassar o esmero linho das palavras,
aprendi a deixar esquecidos em bolsos furados
a arrogância em todos os seus desalinhos

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

medíocre XI



toda mediocridade será conduzida ao curral das valas
juntamente com os seus distintos energúmenos enfileirados
o covil-mor das arrogâncias é o digno antro-centro
de todos os sanguessugas em fim de carreira
somente os auto falantes e antenas das milícias cortesãs
lhes serviram de pronto apito por cartas marcadas
os ratos seguem tanto os seus “ar-mandos” ou seus “ar-naldos”
regurgitando teses sobre as regras do seu jogo obscuro
para o cesar medíocre toda clara é baba nos ovos sem gema
na sua “próstratante” tentativa de lesar o navegador além mar
aaah minha avozinha! tomara que o amarelo cordel do cabaré
não colha os “ca-louros” ou “co-lírios” verdinhos dos campos
ainda que no cardápio haja todo tipo de p, m, g rubro enrustido 
que a mágica do varão-da-dor do desmembrado “a não” palavrão
possa esporo-traquear a lebre lesadora, o coelho “alesado”
e toda essa travestida e engomada rede “a gleba” de cartolagem

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

ao que não se fala



é sempre muito fácil buscar claridade ao sol
o problema é deixar que o mistério
adormeça encravado na sombra...  

domingo, 18 de novembro de 2012

programa


                     
deixe apenas um beijo
no último gole de conhaque
pra que eu possa brindar
quando me levantar
com o diabo no corpo
guarde pra si qualquer nome
apague todos os rastros 
não precisa adeus
quando eu acordar 
não quero lembrar de nada
num roteiro tão singular
sem meias frases nem meios termos
basta usar seus adereços e fingir
você tem um período pra jogar
e uma jornada pra se arrepender
e pra fechar é só deixar um beijo e partir

e pra fechar é só contar nos dedos e sumir

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

desacreditador


             
talvez no fundo dos quintais de fundos pro nada
bem de lá do longe que mais pra longe impossível seria
lá pelas longínquas fronteiras da individual escuridão
de se apagar resquícios no intimo esquecimento
possam estar enterradas as sementes da esperança
então cabe a cada um de nós crer na capacidade
de invadir as redes dessas fogueiras vaidosas
que insistem em perdurar de escorre dor
escondendo os conteúdos das páginas de livros queimados
e reproduzindo copias de história alheia aos seus
numa triste cidade de nunca compreender
que a arte de contar estórias é passada de boca a boca
e quem tenta amordaçar a boca da noite
ficará sem dente pelo dia de não mais contar estórias
uma coisa é certa: a certeza é filha da duvida
duvidar não nos transforma em meros desacreditadores
toda duvida gera substrato para as mentes de giração
muitas vezes, por trás de alguns gritos
se escondem os medos de tantos silêncios
muitas vezes a necessidade de ganhar algo pela revolução
esta na sensação dos que aprenderam a perder
para os que lesam a vida por interesses mesquinhos
não cabe a ninguém o direito de semear infeliz cidades
desejar bem é estabelecer parcerias com a distribuição
é necessário saber debater, diálogos não são monólogos...
é imprescindível o reconhecimento da existência
trago em mim o árduo aprendizado de ser amador
e acredito que passar despercebido de tudo que já se sabe
é reabilitar a capacidade de saber reaprender
porque acreditar faz a vida creditar novos dias...

terça-feira, 6 de novembro de 2012

origami



o pouco que sei sobre as teorias dos homens
acrescenta um mórbido peso as minhas descrenças
então me disperso pelo além das palavras
o absurdo faz pacto com a realidade
gosto mesmo é de acreditar em todos os sonhos
quanto mais são repatriados aos vazios
encandeiam o cheio conjunto solidão 
talvez seja necessário amar repetidas vezes
como quem adormece a repassar destinos
uns muitos daqui, outros tantos por lá
até descansar de não ficar cansado
um dia ainda hei de aprender o segredo de cor
num montar e desmontar o encantado amor
assim feito que nem dobraduras de papel
nas abas das mãos seguidos de abraços
que ora solte esparramando a lua
que ora game atinado ao sol