terça-feira, 8 de abril de 2014

regador



talvez a inexplicável dádiva da existência
seja substrato itinerante na minha giração
sei alimentar as fases da feliz cidade
pela loucura imaginaria da dura realidade
nesse perdurável exercício de saber aprender
coisa assim como rodar pião, fazer redemoinhos
de libertar ao vento o cabresto das pipas
de traçar o raio sob mira na bola de gude
até se espalhar de terra, imerso em barro
feito conta de contar nos dedos de se perder
noventa e nove vezes sem respirar
pelo meado fio das conversas fiadas
nessas reviravoltas de eternas infâncias
que floram, mas insistem em não madurar fruta
que riem no choro a escorrer lagrimas de gerar sede
talvez o universo seja incomensuravelmente vasto
para abrigar os intermináveis recitais de poesias
que não caiba mensura-lo em tristes estatísticas
ando descobrindo nesses novos dias estrelados
que as noites brilham de esconder sol
acho que do meu aprendizado de arrumador
o que mais sei é enrolar os assuntos do mundo a fora
há tempo atrás eu brincava de esperar os anos
feito quem nega querer crescer à prazo
por essas demoras de incomodar os anseios
ainda que sejam os mais bem guardados
como quem corre nos calendários de esquecer datas
para remarcar infinitos encontros com sonhos
como um sábio regenerado regador de alamedas
que renova arte a alimentar o alcance dos verbos 

segunda-feira, 7 de abril de 2014

princípios



para os fins não justificarem os meios
é imprescindível ter princípios

segunda-feira, 31 de março de 2014

comum




quando em graça nos dermos conta
que um pouco de tudo esvazia o muito ao nada,
descobriremos o aprendizado dos pés na terra
e enfim poderemos compreender
que o universo além de cheio é pleno
e que vasta é a distribuição
diante dos loteados mundos particulares.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

imaginador


há sempre alguém
disfarçado entre tantos ninguém
distintamente embrulhado em vestimenta vistosa
fino conhecedor das artes alheias
e que sempre traz na papada da boca
o típico e torpe argumento de lei
carimbado em nome das fáceis cooptações
de que duas pessoas podem ter as mesmas ideias
que podem até ter o mesmo pensamento...
a vocês castas de sanguessugas!
devo confessar ser passível,
mas, afirmo pela graça dos meus devaneios
que nunca com a mesma imaginação...

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

demagogia




então, deixe-me ver...
já que somos os filhos da santa hipocrisia,
os melhores sábios dadores de ideias,
e por sermos benditos, honestos, demagogos filhos de deus...
deveríamos prender todo o PT
e assim estaria encontrada a santa e divina solução,
acabaríamos de vez com a corrupção secular do brasil...
é isso mesmo... mas, chega a parecer piada!...
ou será sátira!... então deveríamos todos rir!...
a rede do armarinho cruel exterminadora de sonhos,
usurpadora da arte alheia, esta em festa
com mais um complô bem sucedido...
mas, devo confessar aos caretas dessas redes de comunicação
e aos pobres no tocante as sociais,
que, ignorante não é aquele que nunca aprendeu,
e sim, os iguais a nós que tivemos todas as chances
e ainda sim, quase e sempre fazemos questão de ignorar fatos
num achar debochado de que eles não nos têm serventia...
“tudo vale a pena se a alma não é pequena”
pena que não caiba ressaltar pessoa...
até porque pena é punição,
e tentar coloca-la de outro modo soaria como deboche...
então nós debochadores de plantão vamos executar o PT...
ai os bancos deixariam de cobrar juros compulsivos
todo e qualquer tipo de agiotagem daria lugar
a escolas, saúde e segurança sem as togas dos puxa sacos
casa própria não estaria mais no rol dos sonhos
o microfone da comunicação vitalícia seria de todos,
acabaríamos com os engarrafamentos, não haveria mais miséria,
tão pouco cruéis bloqueios muquiranas de ianques
a palavra seria a de fé, iriamos repartir todas as nossas riquezas
e jesus enfim, estaria livre de um novo calvário...
e o resto dos políticos? aaah minha avozinha!... o resto...
o resto meus queridos amigos hipócritas!
são todos heróis travestidos nesse nosso filme piegas
tudinho coadjuvantes de uma historia sem reputação
para ilibados vilões que atendem pelo codinome de mocinhos...

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

a novidade


sou como o precipitado orvalho
a correr no anteceder do sol
no aninhado da noite
banhada pela incandescência do farol
esparramo os meus giratórios pensamentos
no limo do além e atino as ideias
no desassossegado baile do indicador e polegar
sigo no triscar de olhos
no beijo boca de céu rabiscado em anil
nenhum sono seria capaz de ocultar
meus intensos e devaneados sonhos
eles se refazem pelo êxtase
das minhas repletas inquietações
na esperança do simples esperar
entre as mudas mudanças
em silencio aprendi guardar
as minhas desarrumadas inspirações
no descompassado ritmo dos ventos
a esmiuçar os segundos do tempo de aguardar
os passos pelo rastro que findará na doce vitória
nesses dias enfestados de felicidade
qualquer soma é benvinda
até aquela velha ansiedade
se aconchega em forma de convite
o prenuncio da nova idade
sorrateiramente faz ninho e comove...

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

repetidores


o dia nasce...
rompe as frestas do horizonte
num êxtase silenciador
mas, todos os dias o dia é nascedouro
e nasce sem a licença das praxes
nasce cronologicamente desigual
da mesma forma incondicionalmente igual
e nós por dentro e por fora dos nossos íntimos
nos embrenhados nas fáceis individualidades
e aos milhões, nos quedamos a dormir
ou a rodar cirandas ao ermo
no oco esquecimento da existência dor
como que dança na folga das horas
loucos na alegria travestida
de começarmos a emprenhar o tempo...
feito corredores de escorrer solidão
pelas estressantes motorizadas derivas
sim, somos nós!..
exclusiva a mente nós
meros passatempos em vida...
e como já escreveu um amigo poeta
“quem passa a vida, não amarrota”.
e quem amaria então?...
se apenas seguimos a escurecer os dias de noites
nessa eterna ilusão de esquecedores...