terça-feira, 11 de setembro de 2012

intimamente V



talvez eu devesse me preocupar apenas em contar estórias
no desnudo desmantelo dos dias a correr na sede dos rios
a encharcar o verbo com pura intenção de selar com beijos
os diversos aninhados recantos dos pés de ouvidos alheios
calçados de pouco saber, às vezes saber demais gera estafa
por isso desgosto do ponto marcado, prefiro seguir a lenda
sei rodar ciranda entrelaçado, redesenhar noites de estrelas
nas minhas andanças aprendi com o silencio da escuridão
a contornar as pedras guiado pela magia do céu enluarado
gosto da língua do fogo para aquecer tambor, abrir diálogo
numa longa e vaga conversa com o meu amigo vaga-lume
foi que descobrimos que há tanta beleza pra ser desvendada
por trás das luzes artificiais dessas gerações reprogramadas
que é necessário palavrar o tempo por intermináveis linhas
até nos embolar de vez no carretel pelo universo dos contos
como pipa solta desninhada de cabresto e levada pelo vento
a multiplicar traços pelas tortas vias de mãos imaginárias
para enfim desatar cada nós do nó e nos libertar em versos

Um comentário:

  1. Amor meu,

    Vi essa poesia nascer, como tantas outras
    "Mas, devo confessar" que o reencontro com ela aqui foi, digamos, como um encontro com um vaga-lume... mágico...

    O registro do registro é porque a despeito dela ser mágica, percebo que ela não está no livro que lanças hoje... não está no "Arrumador de palavras", que há de ser o 1º de muitos que eu hei de ver nascer também...

    Parabéns e longa vida à mente de giração.

    Amo-te do raso ao fundo...

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