quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

sobre o salto


como explicar ao vento o desatino anseio de não senti-lo
já que o arredio desmantelo prepondera feito desnovelo à fio
onde a força que esvai é resgatada em dobro pelo sofrimento
como explicar a inexata fração dos segundos incontidos
na entranha do tempo a findar no próprio tempo de não viver 
deixando sobra em desordem no espaço de fragmentos espalhados
como explicar a repentina vida que numa velocidade tamanha
parte sem mensurar seu peso silenciado em queda livre
na mais estranha e louca sensação de gritar por liberdade
como explicar o desato inconsequente dessa ânsia juvenil
a prevalecer sobre as emoções de tantos desejos incontidos
acostumados a ignorar as vontades como vestes passageiras
como explicar a perda do que dificilmente será amputado
do que jamais deixará de estar continuamente presente
pelo intimo fato do não convencimento da metade ausente
por fim o que explicar? ah! para que as exatas explicações
quando apenas nos resta a infinita montagem do mosaico
esparramado como jogo da memória a queimar lembranças
que consolidam na afirmação ainda que não consciente
do inexato instante em que lara num salto de metamorfose
transmutou-se borboleta e bateu asas para eternidade...

2 comentários:

  1. Ainda nos dias de hoje acompanho seus escritos que chegam no email. Sempre bom ler toda essa explosão de sentimentos convertidos em palavras. Me sinto em casa. Como uma louca ancorando em portos desenhados pela Arte. Abraço meu amigo.

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  2. Obrigado minha querida amiga de todas as artes... Beijo na família Cajado...

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