sexta-feira, 8 de março de 2013

entre linhas



fincar tudo no mas
é impor o porém
fica zero a zero
já, mais...
de mais a mais
nunca é demais
e nada não é jamais

quinta-feira, 7 de março de 2013

de mente



de dia estar de mente sana
à noite ser dormente insano
de noite estar demente sana
ao dia ser dor mente insano
a mente em si não mente
tão pouco engana
ainda que atormente...
a hipocrisia é inerente a ser
justamente por ser umbilical
o elemento homem descaradamente
mente, apenas por mentir
seja de mente in sana
ou seja demente insano 

sexta-feira, 1 de março de 2013

mediocrezinho II


no solo da mediocridade brota chumaços de macaxeira
assim como serve de pasto para boizinhos sazonais
dando de quebra motes de sanguessugas encabrestados
se carroça fosse que nem a copiada guitarra baiana
jumento seria celebridade franco-brasileira
aaah minha avozinha! essa praxe cordial é que mata
os pobrezinhos enquadrados pela imposição
do consumismo arrobustado  da casta de babões
se é pra dar com pau nos pebas francisquinhos
que a justiça ingrata dê de chibata nos anões chiquinhos
e agua bebida pra lavar a bosta das musiquinhas
medíocre por medíocre é tudo uma questão de difusão
já a disfunção ereto encefalograma é no cabo da brocha
que vive a arrotar como asno som sem coordenada
feito merda que há muito só dá no quilo certo
e merda boia meus camaradas
por que a câmara nunca afunda...
seja de bunda brasil ou bundão de frança

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

asas de mangue


sou ar refeito no sopro do tempo  
nos versos que se espalham em mim
como grãos de areia no refazer
das paisagens de branca e imensa paz
trago nos bolsos bordados lençois de poesias
que se confundem nas distancias dos horizontes
sou filho da natureza arte
inexato no espaço da existência
deixo pegadas pelo meu caminhar
entranhadas a tantas outras que sigo
e que nunca cessarão passo a passo pela renovação
apredi a olhar muito além dos frágeis conceitos
das meras explicações, da escrita encomendada
sou um ser de constante giração
não tenho ponto de partida ou chegada...
sou aprendiz dos fazedores de som
pouco sei entender as palavras
prefiro quase e sempre os inversos
unir verso, arrumar canções
gosto é de ter palavra...
rega-las de preguiça em lama de mangue
no abraço cinturão da raiz
na sublime generosidade verde
dessa que a gente jura no pé de juçara
até conhecer o açai pererê, desde bacuri rebento
amarelo que nem murici na palha de buriti bravo
com sebo nas canelas das carnaúbas
de remansas corredeiras do caburé
devo confessar do alto dos meus tamancos...
há caminhos, nunca faltarão pegadas
à primeira vista o delírio voa de rasa voadeira
pelos intermináveis labirintos dos desencontros
e se deixa levar feito rio que corre paralelo ao mar
há milhas que os olhos de chorar se perdem
a dar asas à imaginação...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

mma



- você sabe ler?
- sei não senhor
  se subesse, num tava aqui...
- o que é que você sabe fazer?
- sei batê, e oi qui bato muito.
  mas, de vez em quando apanho de dar dó com dor
vem desde os tempos do pão e circo
onde os gladiadores, além de lutar entre si
eram também jogados aos leões nas arenas coliseus
entrando pelos “passamentos das guardas”
adentrando nos inesquecíveis bonecos e fantoches
dos irônicos televisivos “telêketes”
que a luta ganhou novas etiquetazinhas...
porém, já levando em consideração,
se minha velha memória não falhar!...
conheço um pouco dessas historias
dos livros e dos ringues espetaculosos
assim como conheço também judô, karatê, capoeira, boxe...
já ouvi até falar no tal de vale-tudo como se fosse luta livre
ora, vale tudo para mim era coisa de  musica soul
ou quem sabe coisinhas de novela da rede do armarinho
eis que nos últimos anos vem se difundindo o tal de mma
mma, o que é isso?
eu até conheço mmc, mdc
mas, mma, será algo gringo letal?...
não, deve ser coisa de retardamento mental!
mas, devo confessar: sou retardado
e perco meu tempo nas madrugadas
com essa minha faceta de jumento anatômico
um dia quem sabe!
a evolução tire prosa de mim
e assim eu possa
poetizar mais...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

chegando



venho das bandas dum bando de estórias
trazendo na garupa saudades
dos cordéis enfeitiçados de sinhazinha
gosto do saber gastar o ar...
com versos arriscados
com rimas de boca
sei o ofício de catar palavras
cantando poesias brotadas do vento
sei rodar nas cirandas de fogo
como quem atina luz aos sonhos
pra ver os olhos do amor
de graça nas janelas
pra ter sua companhia
por dentro das horas afora
se sinhá quiser eu vou lhe buscar
se sinhazinha quiser estou quase chegando
pela fresta tatuada no tempo
como um veloz alazão
colorido de nuvens,
perdido, atinado de sol
no aprendizado de amar as chuvas...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

utilidade pública



que fique esclarecida
à titã realidade dos homens
nem toda bosta serve de estrume
e comunicação escusa é crime
as carroças não andam sozinhas
há de se dar nome aos bois...