terça-feira, 23 de abril de 2013

expresso canalhas



na repulsiva vala dos escarrados
deveriam ser tratados os canalhas
expressa e unicamente como canalha...

sexta-feira, 5 de abril de 2013

intimamente IX





tenho aprendizado na ciência das dobraduras do tempo
sei ultrapassar o futuro, dar giração ao passado
e transvazar presente com lagrimas de sorrir
abrigo nos ombros ninhos de bem-te-vi, sabiá...
sou gero umbilical do arrebento da corda
um amador da graça de unir versos
sou a parte que me cabe em todas as artes
que dão partida às engrenagens da imaginação
sei girar na ciranda dos cata-ventos
soprar na circulação dos girassóis
de tanto gostar dos azuis
comecei repaginar com céu a realidade
ora pelo ciclo sinfônico dançante das chuvas
ora no louco circuito aleatório dos átomos!
sigo voando, rodando, caminhando, nadando
a favor da brisa assoprada, dos sábios caminhos,
das correntezas doces e salgadas
me encantam todos os desacostumes
sei das rotações abstratas, das distâncias noturnas
aprendi refazer os dias seguindo o ocaso!
tenho inclinação pelos esconderijos que musgam
limando os cochichos de não guardar segredos
gosto de fortalecer margens, atinar o desacordando sonho
e, como diz as linhas do velho ensinamento
se por um lado se vai, pelo outro eu regresso
no carrossel gira-mundo de idas e voltas...
nos cabe, a consciência da distribuição
o dever do reconhecimento...
não basta o mas,
é necessário acreditar mais,
há sempre algo para se descobrir...

quinta-feira, 28 de março de 2013

sublinhado



tenho duvidas de certas convicções profissionais
então prefiro a armadura dos amadores
sei guardar feitiço nos cílios
e transpirar alegria no orvalho olhar
trago em mim o reconhecimento
e sigo com o trem das cores
deixando rastro no tempo
feito trilho de arco íris
gosto da presença das luzes
mas, foi embrenhado nas gavetas
que aprendi a ser autoral
a fazer amizade com a  escuridão...
mente quem diz “a comunicação é livre”
na angular é que se enforca o foco
e sublinha a palavra na corda de enforcar-dor
nos adereços de priva cidades
algo me remete a clausuras...
chego a pensar que todo excesso de pudor
serve para inibir a liberdade
lembro-me ainda hoje
feito menino dos telhados
assim como vaga-lume vago
com a minha memoria de quase tocar...
do som da mão no tambor
no tocador a escorrer sangue, latejar digitais
nas mesmas enrugadas mãos
que quase e sempre escrevem por estórias
tudo aquilo que a história insiste em ocultar
nas suas sub versões tiranas...
a triste cidade é descobrir
que na entranha luz do escurecer
os alvos nunca são claros... 

sexta-feira, 22 de março de 2013

era uma vez...



pra um contador de estória
nada... desagua
em correnteza nalgum lugar
que eu nem sei bem aonde
e ainda que não rimada
faz a palavra nadar
no limo nascedouro de sonhar
com letra se enche os vazios
mas, não é vazio um livro sem letras
as vezes a ausência da cor
esta na giração do olhar
a imaginação é mãe
todo o sempre da vez à era
era uma vez...

segunda-feira, 11 de março de 2013

exclusão



há um desencharco vazio de alma
um tapa olho a privar sentidos
a gerar novos cabula-dores do tempo
pela total preguiça do tempo
de se fazer faltar o tempo
de se perder no justo tempo
pra depois se achar justamente nas mãos,
na justa amarrada mão da injusta justiça
aquela que ironicamente se diz cega
mas, contando com formação de tramoias
hoje tem até televisão...
e tem mais, tem donos de prova,
das mais diversas, tudo por dentro
da perfeita ordem do dia nas falsas ideologias
e sempre conta com a ajuda cortesã
do certificado selo vitalício de politicagem pública
aaah minha avozinha!
se é pra ser contra todos e contra ninguém,
eu prefiro seguir caminhando e cantando,
e não esperar os acontecimentos
assim sou e assim vou,
como um ser de todas as diferenças possíveis
ninguém é igual a ninguém!
direitos e deveres é que são iguais para todos
não nos cabe o dom da condenação
me reservo ao direito de ser contrário, de ser diferente
de ser apenas o que sou, com as minhas opiniões
sou alheio a mera coincidência que lesa...
sei deixar o real nas entrelinhas
ora, não me venha com lógicas...
estou farto das cifras de orgias galopantes,
desses matemáticos lotéricos,
anexados a todo tipo de estatísticas irrelevantes
que forjam resultados miraculosos,
para seus interesses próprios
um verdadeiro bacará de cartas na manga
tudo disfarçado pelas redes cordeiros e pastoras do céu
nesse inferno que dispensa alegorias
dos que trazem estampados
em suas primeiras capas,
nos seus segundos cadernos
apenas o inferno vida, exclusão

sexta-feira, 8 de março de 2013

entre linhas



fincar tudo no mas
é impor o porém
fica zero a zero
já, mais...
de mais a mais
nunca é demais
e nada não é jamais

quinta-feira, 7 de março de 2013

de mente



de dia estar de mente sana
à noite ser dormente insano
de noite estar demente sana
ao dia ser dor mente insano
a mente em si não mente
tão pouco engana
ainda que atormente...
a hipocrisia é inerente a ser
justamente por ser umbilical
o elemento homem descaradamente
mente, apenas por mentir
seja de mente in sana
ou seja demente insano