quarta-feira, 30 de outubro de 2013

acolhedor

                     
fiz um trato com a dor
de despachá-la com passagem de ida
até aonde a vista não mais alcançar ver...
bem assim para lá dum bolso furado
desses que dão na funda escuridão
de uma cumbuca seca de água
dessas que não matam a sede da garganta
mas tem serventia de esconderijo
pra gente esconder um segredo tão bem escondido
que chega ate a perdê-lo de vez do pensamento
assim como tolo que tenta seguir
o insistente e árduo itinerante de afastar a dor
sem se dar conta que a dor é colheita de lavrador
a tão mesma dor que nos faz nascedouro,
cantador do mundo, escrevinhador de universos
orador da expressão, vendedor de beijos
arranjador da alegria, contador de estórias
criador da vida, guardador de estrelas
versejador da poesia, arrumador de palavras
abraçador da arte, acolhedor de imaginações...
muitas vezes o difícil exercício de colher dor
nos ensina o aprendizado de reforçar as palavras...

ventre livre


há quem diga que é melhor
um pássaro na mão do que dois voando
prefiro a liberdade de todos

terça-feira, 22 de outubro de 2013

medíocre XII


a insanidade medíocre tem um encaixe perfeito com corjas
principalmente com umas e outras dissimuladas
que insistem em tirar proveito de tudo
intitulados das morais ora pelo podre tempo de mando
via intermináveis conchavos de comunicação
ora no deplorável desespero de retomar o poder
via mão grande em golpe sem planejamento militar
dos seres embrenhados pelas teias do ar-marinho
um se destaca por ser o bomba de cabide
inescrupulosamente proveniente do ar-mário
de cara especulativa, em metamorfose bolor morfético
um ensebado pau mandado, de mandato duvidoso,
auto falante de cotovelo, engodo nazista ia gritante
é de certo que o louro dá o pé para o seu dono
mas, só quando treinado, ora bolas, já outros!...
babam o saco de couro de quem manda por ser escroto
e depois vem todo em ternado quase nos quatro...
assim que nem em-couto, que passa a grunhir cuspindo
a sua verborreia por ante metáforas sifilíticas
nos intermináveis minutos das redes entediantes
com seu perfil de gralha, na pouca migalha de merda
desses velhos assentados anos do ciclo das oito
na mórbida espera de ser abatido no coito

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

ali é nado...


se você só vai pra cama com o gordo
se emociona com as oratórias do brother bial
perde tempo lendo época, isto é e veja
cuidado zébedeu!  e nada que ali é nado...
as bostas só afundam quando o rio é de merda
e muito cuidado no todo ainda é pouco
quando se trata do epidêmico contagioso
agasalho abraço do jumento encabrestado
um vírus poderoso manjado em cocho
com alto nivelamento de corrosão mental
que além de dar a supra câimbra no sovaco
congestiona o ar comprimido do reto à direita
o que faz causar o perigoso kit leseira
qualquer sinal do sintoma no sistema
procure um especialista de esquerda
envie uma carta à capital mais próxima
não deixe que a sazonal pororoca barrenta
afogue a sua pranchinha de bobeira
não confunda a rede do mar
com a rede do armarinho
pra que ser o burro passivo da carroça
se você pode comer alfafa de primeira sem rédeas
se liga de quatro tabaréu!
a bola do jogo não é de colhão...
abre o olho zé arruela!
ovo de pascoa não é de coelho...



terça-feira, 3 de setembro de 2013

intimamente XI


pouco me interessa a relevância dos gráficos cartesianos
que nos remetem às dimensões próprias por linhas exatas
sou rascunhado nas escritas e reescrito em rabiscos de cera
o meu aprendizado de recriar cores pela mente de giração
trago no bolso à saciar em arte a magoa de sede dos dias...
sei caminhar lado à lado ao desavisado silêncio das estórias
como quem atravessa o íntimo estradeiro da imaginação
para escutar os desatinos dos aluados corações, ao vento
tenho pacto de amor com palavra, parceria com desencontros...
meu universo são os diversos cantos encantados de versos
uma parte de mim é canção, a outra, parte abstraída...
regida por horas aleatórias que se assomam às minhas digitais
guardo na concha da mão o dom doado em barros de gerar
que se entranha ao musgo da minha ciência de esmero
nessa minha permanente sentença de viver
nenhuma partida pode ser maior que a chegada
quando o abraço confortador afaga a alma
para tudo que se diz do mau tenho bem vindos beijos
o nada, é preponderante, capaz de preencher o vazio de tudo
quando todos nadam para o sonho de feliz cidade
saber extrair o valor do nosso lado do rio
é o exercício de reconhecimento das incertezas
não basta apenas fincar os pés na terra
é necessário aprender semear raiz, para deixar lastros...

sábado, 31 de agosto de 2013

linhas do jogo



nos buracos das agulhas dos microfones do armarinho
pode até não passar os camelos infelizes dos ditados
mas, com certeza passa de tatu peba à tatu bola
nesses grampeados gramados que nos idiotizam em paixão
e tão cegos ficamos, que assumimos esse árduo fardo
de não poder articular a palavra ante os embates medonhos
é justo afirmar que a arte dos babas e peladas de várzeas
tornaram-se os quindins das negociatas da china
o que então se faz mais que justíssima...
a ingrata conclusão sobre as luzes dos holofotes
de que a tal tramada rede que só nega tudo que faz
só consegue pagar milhões aos grandes nomes do furta-ball
pela exclusividade de transmissões e armações das partidas
e partindo de que todo partido com legenda em ação
e um complexo de apadrinhados apartes políticos
fica nas entre telas das marolas do arrogante a pergunta:
quanto será que a manipuladora sideral arrecada???
eis a questão que se embola nos caracóis do saco de bolas
e essa “isca-que-cai” descaradamente do cabo enrolado
já batendo continência subalterna aos terríveis coronéis
e que também faz parte das parceiras comunicativas
como pode patrocinar arbitragem???
chega ser uma araponga, a margem de um dossiê,
algo assim um tanto nas raias da globo alienação...

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

cuba libre


jogar pedra à ermo renova o tempo da lasca
eu peço desculpas, aos lúdicos companheiros
que ao longo desses cinquenta nos varais
encenaram suas vestes de ilibados paladinos
em festas com cartuchos de verbos de festim
e que hoje estendidos sem brados retumbantes
e com prazos vencidos, dessecados pela imposição
vagam travestidos, embrulhados por selos vitalícios
que de tão cênicos se confundem aos cínicos
devo confessar o meu profundo respeito as artes
ressaltando que, não adianta cuspir nos monopólios
e andar atrelado em suas redes de conveniências
não cabe n’arte certas entrelinhas vantajosas
dissimuladas por politicas de boas vizinhanças
que quase e sempre desarmam as bocas de balas
gerando caibras nas pontas das línguas
quem diz que a hiena rir da própria miséria
envelhece tal qual serventia de sumidouro
se é para ajoelhar diante das maçanetas do sucesso
prefiro inclinar-me reverentemente
as harmonias revolucionárias de rodriguez