quinta-feira, 29 de março de 2012

singular

cedo céu de corpo nu
  seu azul me faz primata
pro delírio um gole d’agua
minha sede é primavera
fome expressa no querer
a me transfundir doo arte
colho pedras ardo temporal
em silêncio gero amor
sal viver sol singular

quarta-feira, 28 de março de 2012

falando de amor

se é pra falar de amor,
melhor que seja em silêncio

segunda-feira, 26 de março de 2012

arautos

pelo troteado em fina e elegante passada
na forma de um impiedoso cheque duplo
imposto pela cavalaria do tempo em riste
com carta de registro e selo-grado capital
para esmiuçar cada dissimulado grão vizir 
pelo avesso do filão das condutas devassas
calcadas em nome da yankee demo-cracia
sob pena de nada! à vitalícia comunicação
no implacável poder de informação obtusa
uma vil herança em troco do sangue alheio
mas, ainda que não mate por definitivo o rei
põe em ruinas o arroubo arauto das torres

sexta-feira, 23 de março de 2012

sem humor

vale sempre sorrir, mas hoje nobre é chorar
choram pela cidade os milhões de franciscos
personagens do tempo pelo tempo da criação
agora órfãos de pai e porque não dizer de mãe
com qual das  mãos se vai acenar em adeus
quando difícil parece sustentar-se nos pés
deixo minha coleção de palavras derramada
nesse triste lamento de profunda reverência
ao genial mestre dos mestres
CHICO ANYSIO

quarta-feira, 21 de março de 2012

parceria II


o par seria perfeito
se não desfizesse a parceria

segunda-feira, 19 de março de 2012

mudança

a dura obrigação de votar é descaradamente dita
a demo-cracia o prato frio e hipócrita do dia à dia
companheiros e companheiras da eterna batalha
não basta a farra do voto mudo pra mudar a vida
a vida por si decorre devota a todas as mudanças
é necessária a plena convicção da reconstrução
do que foi construído pela imposição retrógada
vale a pena lembrar que as armas revolucionárias
passam pelas palavras desde a língua até o gatilho
o cabresto é como asa encharcada que nunca voa
a tração de boi e jumento jaz pelo tempo do cálice
já as dores das chibatas de sangue dos castradores
esse peso é desnecessário nenhum animal merece
o direito é humanitário na dádiva do nascimento
o dever é socialização e congraça em redistribuir

domingo, 18 de março de 2012

desserviços

companheiros e companheiras da cana de segurança
vós que sempre pagais o pato da ingrata norma-lei
em verdade vos digo baseado no back-central erudito
a culpa da má comunicação prestada aos conterrâneos
não é só da contemporânea rede gleba do armarinho
a rede universal do senhor, os grupos dono do baú
e bando bandido também prestam desserviços social
elas aprenderam com louvor todas as maracutaias
que sra. mídia do cabaré vos empurrou goela abaixo
principalmente no uso indevido dos alto-falantes
aaah minha avozinha! esse mal a senhora já previa
besta é que não ouvia  as suas santas ladainhas
a oferta de cana pro santo se perde no além de lá
hora pinga no mar noutra arde no cielo da boca
e como ninguém faz questão de dar nada pra jeca
além de cá cedeu as terras alheias pra uso pro jack