quinta-feira, 26 de junho de 2014

aos forjadores


nada poderia ser pior do que a própria sensação
de não conseguimos caber nem naquilo que temos de pior...
ação de nadar na reação em cadeia da inoperância ilibada
na plena convicção de gerar total desinformação à revelia
sob a caridosa pena de solidariedade do ministério carioca
não vale a pena sentir pena porque toda pena é punição
a descrença nos cabe dolorosamente feito serventia parida
nessa jornada de mãos embaralhadas ao vazio pó que racha
não só o caminho como também a alma maquiada de fé  
somos crentes da pena seletiva de nossas vaidosas vontades
só presta aquilo que nós queremos, feito quereres individuais
e de resto!... que se dane todo o mundo ainda mais alheio
diante da pequena indiferença de ser ou não ser
condenados a ter o que não se tem alcance
o que nem dá pé e tão pouco lhe resta cabeça
o que se esparrama além das nossas necessidades
atravessando o rio de nunca preencher a margem de amar
então, que cuspam pro alto os que estão livres de culpa
de certo chuva de saliva não lhes faltarão como recompensa
e quem acredita na cuca! e quem acredita na tela!
se as mentes de mentiras morrem no seguir mentindo
pelos anônimos cotovelos de tristes línguas castradas
nessas inúteis tentativas de por datas em folhas,
de por moldura mentos em vozes populares
nos atuais estádios incansavelmente rechaçados de ibope
ainda que não lhes faltem focos, flashes de interesses escusos
mas, o que chega as raias da ironia é não perceber
que certas caras que a comunicadora mor descarta,
tornam-se cartas na manga desse aleatório jogo dançante
onde quadrilhas com cara de bandas são araques daqui
a se confundir com os eternos coronéis bandoleiros de lá...

domingo, 15 de junho de 2014

lembrador


a única sensação que me agrada no esquecimento,
é de a qualquer momento poder lembrar...

sexta-feira, 13 de junho de 2014

retratador


redescobri que a dor é parte funcional da feliz cidade
que o melhor trato com a dor é o de bem trata-la
é no retrato da dor que se percebe as nuances
ora dor latente, ora dor acalma, oração de todos
muitas vezes o sofrimento é ferramenta de lutador
as lutas não são só contra, também se luta a favor
se a dor fosse de todo ruim, não existiria o doador
quem doa a dor aprende a ciência de repartir em vida
a fração do ar respirado em arte pelos pulmões do mundo...
nessa jornada onde a rasa tentativa de explicar a existência
ajuda aumentar a fundura do poço das lamentações
é que se há de perceber que a alegria é sentimento mútuo
ainda que a ida perdure dentro da noite em calabouços
o dia será resignado em volta, na saliva dos diálogos
a giração esta entranhada no refazer dos caminhos
não nos cabe a solidão dos isolamentos preconceituosos
individualismos são muros com serventia para agua-bebida
sei dos aprendizados de esperar a dona esperança
distante dos vazios escritórios de lotação da espera
pelos ensinamentos da maestra coletividade
quem ensina ao outro a atravessar o passador dos sonhos
abre o estradeiro para a realidade de mãos dadas 

quinta-feira, 5 de junho de 2014

quarador


a falta de sentido em todo seu descompasso
cabe no louco precipício incontido da poesia
o verso é livre absorto de regras ou rimas
nos meus íntimos aprendizados de rimador
descobri como quarar canções desarrimadas
é necessário tocar o que se fala ainda que não veja
para enxergar sentindo intensamente o que se toca
o aquecimento da lembrança contorna sol ao noturno
lembrar é ação acomodada tal qual fogueira sazonal
na reação contínua do esquecimento individual
sei ser poeta no alheado pensamento esquecido
pois aprendi a lançar no tempo semente de giração
muito pouco me interessa a teor cidade gramatical
o teorema matemático perfeito pra resoluções vazias
quase e sempre as teorias são como horas lançadas
no vago de não render um poema ao recreativo ócio
toda palavra é grávida no singular exercício
de doar o seu coletivo de letras pelo universo
o pouco que sei sobre a ciência da cigarra
me faz morrer sinfonia cantada nos varais
renascendo quintal no cordel umbilical do mundo

segunda-feira, 2 de junho de 2014

aos puxa-sacos


costumo fazer arte escrita, falada e cantada
meu microfone é reservado, porque a prática comum
é a de dar voz aos que falam o que a mídia quer ouvir
muito dos grandes nomes da arte se perderam pelo caminho
talvez por baixar demais as suas retaguardas
digo sempre que jogar pedra a ermo
faz renascer o ingrato tempo da lasca...
desde as entradas e bandeiras somos os filhos à deriva
do que se pode chamar de fardo das imposições
aplicado pelos coronéis latifundiários, políticos safados
e também pela senhora comunicação de quadrilha
essa sim, raramente atingida nas suas lentes
em nome de uma tal censura que a mesma promove
se a principal prerrogativa do jornalismo é a isenção
como explicar uma folha que nem é dupla na higiene
declara descaradamente ao “moto serra” o seu apoio
devo confessar seu xi-coçar puxa-saco, babão de holofotes
que sei “que país é esse” e vos apresento... BRASIL!
mas, já em relação a governos passados a coisa é meio escura
e pior fica quando se trata de vossos vitalícios patrões
agora, na gestão atual, se pode afirmar sem medo de errar
nunca houve tanta distribuição aos menos favorecidos
e virando novamente a mira para o lado dos coronéis
vós que sois nordestino ainda que patriota canalha
sabeis o quanto vossa imprensada imprensa
os fortaleceu em nome da apoderação de terras alheias
tanto quanto ao peso dos vossos encabrestamentos
digo também: transferir a culpa das mazelas dos vossos eleitos
aos seus fictícios pobres eleitores chega às raias da covardia
e diante dos erros dos desqualificados institutos de pesquisas
hoje em dia nem os jumentos confiam nas técnicas de apurações
mais uma vez reforço não gostar dos nomes próprios
n’arte cabe todas as nuances da abstração
relato de cabeças fica por conta de jornalistas sérios
no pleno exercício de suas distintas funções
o que passa bem ao largo do senhor
é de vital importância que o cabresto seja fantasia extinta
no carnaval das redes comunicativas associadas a parlamentares
desde já e sem mais delongas em linhas
folgo em vê-lo alegre retumbante na maior distancia possível...

segunda-feira, 26 de maio de 2014

rabiscador


que ladrem de suas frias tribunas
os meros entendedores do mundo real
por entre sombrias arrogantes e prevaricadas
doutrinas pré-datadas em cópias de felicidade
quiçá possam entreter essa ínfima corriola
inutilmente travestida de maioria
sem se dar conta que a arte é alada
que as borboletas emprestam suas cores
aos que riscam de sorrisos o ar
aprender o ofício  de rabiscar dor
é como revestir-se em seda de acasalamento
que a cada giração do imaginário dá asas ao além
e faz ventilar a regeneração da simplicidade
que serve de abrigo ao oculto ensaio desejo
raro e inexplicável da ciência sonhar
a vida é a intensa sentença de viver
sem sonhos a realidade é como um filme vazio
que não enche a moringa de matar a sede...

quinta-feira, 22 de maio de 2014

seria contraste social se a comunicação não fosse velada...


pobre é pobre tendo em vista o difícil combate ao parasitismo
e ainda partindo do princípio que do verme à bactéria
traçamos uma parabólica viagem com tantas escalas descaradas
que a sobra do resto somada aos dividendos não dá um vírus...
então, nos resta perder de vez essa tal vergonha na cara
se é que a vergonha de cara cabe em parte a face do ser humano
mas, é bom destacar: o saldo positivo da luta contra a pobreza
é fato recente... que ainda enfrenta a dura resistência
da crescente individual tendenciosa rede fascista
que atende pelo seguimento de seres “preparados”
contaminados pela meta de ficar rico custe o que custar
numa equivocada tentativa de querer ser o que não se pode...
rico é rico seja dos quintos adjacentes que for
ninguém fica rico e nenhum rico trabalha a dor...
já aos lúdicos com inclinações a coroinhas de alma pura...
devo-lhes confessar que não há na história da humanidade
um conto de riqueza que não tenha sido instaurado
maquiavelicamente sobre a consolidação de miseráveis...
aaah minha avozinha!!! se água benta curasse o clero babão
o capeta abria falência, levando de quebra a coca e a cola
no labirinto dos dias é contada a estória de um filho pobre
pobrezinho “de marré deci”, que não conseguiu desenvolver
uma só habilidade por causa da satânica seita quantitativa
uma ciência matemática que se não mata, extermina sonhos
algo que nem o seu aurélio conseguirá um dia prescrever
seja em bula ou no santo livro pai de todos os burros...
de que para pobre não existe a palavra oportunidade
o que faz restaurar as cruéis migalhas da imposição
o mundo é sempre pequeno como ditado muquirana
cabe ao pobre ser sempre o marginal, o vagabundo
tudo que há de desqualificado, até findar na triste frase...
“já nasceu com sangue ruim”, e entre fofocas e mexericos
eis que paira a pergunta: o que é ter sangue ruim?
devo de novo confessar que por mais que tente compreender
não consigo imaginar de longe o que seja sangue ruim...
cabe ao pobre a deriva sob sentença de sangrar
pois nunca lhe é dado o devido direito de história
fora alguns que ganham pequenos relatos
quando oportunos sanguessugas de plantão
enxergam a chance de faturar em cima...
não há nada mais pitoresco nos dias de hoje
do que ganhar dinheiro em cima de pobre...
e posso afirmar que não são os ricos que o fazem
como já disse, volto a reafirmar veementemente
os ricos não fazem nada, somente gastam dinheiro
dinheiro de rico brota na fabula do pé de feijão
mas pobre nem adianta plantar porque dá bicheira
agora! de contra partida filho de rico é tudo informado
coisa de chefia! fashion gang pestalozzi entretenimento
seja com drogas modas s/a, ou com grilos chiques ltda
os molambentos sem habilidades por falta de vontade
sempre são agraciados com o kit-viagem-pro-states
e com pranchas nos sovacos vão tirar onda mundo afora
gastam uma ruma de dólares, fazem merda aos montes
e já no finalzinho copiam um roteiro de sucesso
desses enlatados anglo americanos que a rede globo
ajudou a emprenhar por mais de cinquenta anos
diz que fez curso de cinema, que tá voltando pra casa
junta uma penca de artistas da cia... puxa-saco
produto que não falta em qualquer prateleiras do mercado
lança um curta que não fede, um longa que nem cheira
e ai é tudo na moral... na dança vira-vira celebridade...
aah minha avozinha!!! nessa imoral idade
não faltam ao saco fecal do irmão pedro qualquer
chulas retóricas baratas nos buracos das fechaduras
e o que certamente deveria ser um contraste social
nunca vai passar desse nosso cotidiano piegas
onde a pobreza d’alma é o adereço em mortalha
a vestir a escoria vitalícia comunicação velada