sábado, 25 de outubro de 2014

sobre a conduta



dar corda a vida é ensinar a si e aos outros a desatar nós
só há liberdade quando as obrigações geram prazer
nenhum poder pode ser tão imenso
a ponto de desmensurar o conjunto união
nessa predestinada sentença de viver
aprendi a colocar o que chamo de pobreza d’alma
na linha de frente das minhas lembranças
assim ponho em prática o exercício de desarmá-las
em contra partida as melhores ações
guardo na parte mais intima do esquecimento
pois cada vez que as lembro
abro o sorriso de feliz cidade
toda verdade é o reflexo da conduta de cada ser
não se pode subjugar a expressão alheia
teleguiar pensamentos é emprenhar a mesquinhez
é necessário unir forças para a condução de todos
ao novo futuro de portas abertas à distribuição
desconstruir a ideia que somos o país dos oportunistas
faz renovar a esperança para giração das oportunidades...

terça-feira, 30 de setembro de 2014

carta vascaína


salve a nau caravela no horizonte da glória
posto que teu vasto mar é a fúria da gama 
e em teu porto seguro atraca à relva verde
tua estória contada soma grandezas à tua esquadra
no engrandecer lastros de tua malta histórica
jamais ninguém invadirá o teu sagrado santuário
nem mesmo lazarenta quarentena de boca rota  
forjada em milhões de rubros uniformizados
numa dança piegas de abadás sazonais
que num estranho conchavo de politicagem escusa
se apoderaram do cerrado em mando de campos alheios
associados à nefasta comunicação de grilagem atlântica
quadrilheiros do apito marcado, esquartejadores d’arte
farsantes da torpe ação de inventar realidade
tal qual a súbita degradante farra de dossiês engavetados
concebidos na conspiração dos arranques de araque
do espirro bando pó de traque desse mico armarinho
e ainda que a emprenhada rede da obra-macabra
sabote campos minando com suas traiçoeiras imposições
haverá um dia de prostrar o seu poder em chão frio
diante do brasão em punho, envolto ao manto da fuzarca
erguido por teus audazes combatentes cavaleiros
em luta contra essa corja criada de babas ladrões
reconduzindo as sentinas esses tristes sanguessugas 
finalizando de vez o arrastado tempo onde o ali
era o só negar e se gabar em reles via imperativa...

terça-feira, 23 de setembro de 2014

aos enquadradores


todas as meras mudanças de condutas
sem os devidos reconhecimentos de causas
soam como descasos, ausência de moral
feito poesia encomendada de selo pago ao cargo
no engodo nulo fardo das subserviências autorais
incapaz de gerar um diálogo, contar um causo
uma reles enlatada narrativa, quiçá um conto
e feito jornal de quadrilha, esquartejando a ética
embebedado tal qual bucha de incinerar balão
a passar como para-lamas desgovernados
em busca do sucesso ao custo do esticado pires
sem qualificação de compassos carnavalescos
fazendo prevalecer o triste transferir dor
que faz girar a roda sob a batuta do passo quadrado
no ensoado movimento de dança muda
herdada em sangue dos bois verdes generais
a murchar sem jamais florescer jardins...

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

duo elo


quase e sempre um diálogo social
é travestido em dois monólogos capital

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

sobre a direita


declaro descaradamente do meu bem estar
a todos os robustos esquartejadores da palavra
ainda que fracos das costelas sem alma
que insistem no enredamento de cirandas à direita
baseadas nas ladainhas dessa imprensa sanguessuga
que além de não somar uma prosa a dor latente
seguem subjugando melancolicamente a poesia...
devo intimamente confessar aos indóceis recalcados
que extrair saber dos que sabem é praxe fácil
mais vale à pena a necessidade do prazer contrário...
repetir o brado de que pobre quer trabalho e não esmola
sem nunca ter passado fome é demagogia democrática
portanto, ação chula, que nem merece reação...
até a própria esdruxula mira de miopia fascista
é capaz de concluir que os verdadeiros burros do país
são os bois verdes generais e seus retrógados herdeiros
coronéis carroceiros babões geradores das desigualdades
com suas genocidas rédeas em diretrizes cruéis,
veros chibata dores travestidos da dura justiça
que hoje aos montes balançam em cadeiras de pau
um a um na mórbida rotina da artrose mental
a suplicar pela misericórdia do seu deus desigual
devo novamente confessar aos sorumbáticos tolos
sem fazer uso eleitoral de tais direitos humanos
que heróis caros esnobes ilibados da mundana realidade
são apenas meros coadjuvantes faceiros às deslealdades
nesta trama enredada para vagabundos vilões mocinhos
num tipo de alvo servil à meta dos conjuntos ocos
que o melhor aprendiz caminho a ser seguido
é o de dar margem à generosa ação de distribuição
não dá pra ser feliz sem arriscar o giz na lousa...


segunda-feira, 28 de julho de 2014

nós... destinos


toda palavra  é exercício... ação vascular...
rios de sangue transam pelo itinerário palavrando
não há existência de linguagens sem poentes
a ponta é o ponto de vista do língua-dor
blasfeme em vírgulas, contra a arte
quem nunca fez festa com língua de sogra
burlar a expressão é igual ou menor
que não expressar o nado, em inércia de braçada
e para aqueles que julgam à revelia o nada
nos seus imersos cotidianos matemáticos
a conspurcá-lo como conjuntos vazios de tudo
a sentença de vida é o cartesiano fardo...
onde o verbo incontido no “x” de múltipla escolha
é servente da estagnação dissertativa
e faz ressoar o triste pesar dos dias cinzas
no banzo negreiro mar dos acorrentamentos
como montes que carregam o adorno unânime
dessa globalização de individualismo social
talvez seja preciso cuspir o próprio fogo inimigo
para que seja restabelecido o direito de comunicação
reafirmar que nosso portal é ao nordeste
vem de lá o começo do largo sorriso rio
somos nós destinos, margem, precursor...
é indispensável fincar os pés na descoberta
para melhor se avistar o mundo
cabe aos quintais o dever de fixar suas reverências
por pelo menos 45 dias em solo mãe
e assim, aprender a melhor enxergar o brasil
o oposto é sempre muito fácil de cultuar
quando se tem um outro oposto como baliza...

terça-feira, 22 de julho de 2014

sobre a fé


inexplicável dúvida é a dúvida,
duvidar é uma questão de medo...
assim canto e assim me assombro
ao falar de dogmas religiosos em torno da coletividade
onde na maioria das vezes o verbo conjugado
é quase e sempre servido à carta individual... 
como não associar religião a poder, lei, latifúndios,
enriquecimento ilícito, hipocrisia, fomento de miséria...
e ao mesmo tempo exercer o exercício de ser social
algo relativamente fácil, onde o difícil é ser humano
respeitar argumentos de toda e qualquer religião
é o mínimo que se pode esperar do próximo  
mesmo aquelas que insistem em apregoar adequações,
aprisionamentos ainda que sejam em pensamento...
religião é politica, politica é lei e lei é regra
nesse conjunto que forma essa tal constituição
no rol das leis que são elaboradas e votadas
pelos que nós nos habituamos a chamar de corja de ladrões
pra essas eu assumo a minha descendência anarquista
fincada a todas as raízes esparramadas no cangaço...
e devo confessar do alto dos meus tamancos
ressaltando o meu mais profundo acreditar na fé
a minha solitária dúvida a certos pregadores religiosos
que comprometem os seus deuses entre céu e terra
com teses que não sustentam suas cercas limitadas
pelo pré-fabricado vazio universo de cifras santificadas
ora, se o mundo é vasto como disse o poeta
unir versos é o abstrato quintal de renovar poesias...