sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

asas de mangue


sou ar refeito no sopro do tempo  
nos versos que se espalham em mim
como grãos de areia no refazer
das paisagens de branca e imensa paz
trago nos bolsos bordados lençois de poesias
que se confundem nas distancias dos horizontes
sou filho da natureza arte
inexato no espaço da existência
deixo pegadas pelo meu caminhar
entranhadas a tantas outras que sigo
e que nunca cessarão passo a passo pela renovação
apredi a olhar muito além dos frágeis conceitos
das meras explicações, da escrita encomendada
sou um ser de constante giração
não tenho ponto de partida ou chegada...
sou aprendiz dos fazedores de som
pouco sei entender as palavras
prefiro quase e sempre os inversos
unir verso, arrumar canções
gosto é de ter palavra...
rega-las de preguiça em lama de mangue
no abraço cinturão da raiz
na sublime generosidade verde
dessa que a gente jura no pé de juçara
até conhecer o açai pererê, desde bacuri rebento
amarelo que nem murici na palha de buriti bravo
com sebo nas canelas das carnaúbas
de remansas corredeiras do caburé
devo confessar do alto dos meus tamancos...
há caminhos, nunca faltarão pegadas
à primeira vista o delírio voa de rasa voadeira
pelos intermináveis labirintos dos desencontros
e se deixa levar feito rio que corre paralelo ao mar
há milhas que os olhos de chorar se perdem
a dar asas à imaginação...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

mma



- você sabe ler?
- sei não senhor
  se subesse, num tava aqui...
- o que é que você sabe fazer?
- sei batê, e oi qui bato muito.
  mas, de vez em quando apanho de dar dó com dor
vem desde os tempos do pão e circo
onde os gladiadores, além de lutar entre si
eram também jogados aos leões nas arenas coliseus
entrando pelos “passamentos das guardas”
adentrando nos inesquecíveis bonecos e fantoches
dos irônicos televisivos “telêketes”
que a luta ganhou novas etiquetazinhas...
porém, já levando em consideração,
se minha velha memória não falhar!...
conheço um pouco dessas historias
dos livros e dos ringues espetaculosos
assim como conheço também judô, karatê, capoeira, boxe...
já ouvi até falar no tal de vale-tudo como se fosse luta livre
ora, vale tudo para mim era coisa de  musica soul
ou quem sabe coisinhas de novela da rede do armarinho
eis que nos últimos anos vem se difundindo o tal de mma
mma, o que é isso?
eu até conheço mmc, mdc
mas, mma, será algo gringo letal?...
não, deve ser coisa de retardamento mental!
mas, devo confessar: sou retardado
e perco meu tempo nas madrugadas
com essa minha faceta de jumento anatômico
um dia quem sabe!
a evolução tire prosa de mim
e assim eu possa
poetizar mais...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

chegando



venho das bandas dum bando de estórias
trazendo na garupa saudades
dos cordéis enfeitiçados de sinhazinha
gosto do saber gastar o ar...
com versos arriscados
com rimas de boca
sei o ofício de catar palavras
cantando poesias brotadas do vento
sei rodar nas cirandas de fogo
como quem atina luz aos sonhos
pra ver os olhos do amor
de graça nas janelas
pra ter sua companhia
por dentro das horas afora
se sinhá quiser eu vou lhe buscar
se sinhazinha quiser estou quase chegando
pela fresta tatuada no tempo
como um veloz alazão
colorido de nuvens,
perdido, atinado de sol
no aprendizado de amar as chuvas...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

utilidade pública



que fique esclarecida
à titã realidade dos homens
nem toda bosta serve de estrume
e comunicação escusa é crime
as carroças não andam sozinhas
há de se dar nome aos bois...

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

intimamente VIII


 acordo na língua das asas!
pela infesta ação das criaturas noturnas
mariposas no teto, besouros no chão,
e todo foco de luz esquenta  nossa contra dança...
chego até a desimaginar!
se elas buscam segurança à minha cercania...
aí volto para a imaginação...!
não, foi eu que me inseri no ar do seu habitar...
e já nem sei bem em que ponto desses delírios
eu possa estar ao certo...
mas, devo confessar ao certo, que o errar é instintivo,
senão como justificar o exercício aprender...!
sou aliado a terna teoria dos abraços
todas as formas de união constroem mais
sacio a vontade da voz com o violão,
me encanta a afinação de violinos
tenho raiz de pé na terra,
minha mão de barro é a vital poeira do tino
muitas vezes escrever por encomenda,
traz a ingrata sensação de prender as palavras
por gostar pouco das cartas, me negaram a de motorista
então aprendi o licenciamento alado de olhos abertos
há sempre um verdejante louva-a-deus aninhado de pecado
deve-se saber distinguir o interesse único
da nesse-cidade coletiva...
para uns é melhor um pássaro na mão,
eu prefiro todos voando...
hoje, mais que nunca a sobriedade me faz acreditar
que a esperança é o acolhedor das revoluções
sinto a cada instante a seda mutação vida,
aflorar as minhas reticencias...

domingo, 27 de janeiro de 2013

quinto



estendo meu braço e busco alcançar
qualquer acorde injustificável
que faça calar a voz
como um solo de profundo silencio...
que faça acordar o ar
num infinito grito de blues...
onde andara você agora meu amigo?
que estrada conduz seu som?
onde navega seu luzeiro de cifras?
meu velho e tão amigo quinto beatles
por um instante a vida rui
para que o sol sempre brilhe
em seu nome...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

flor de máscara




jogue essa flor no chão
a quem pensa enganar
com essa alegria forjada
joga essa flor no chão
tarde demais...
o que resta é o vazio dos gritos
arrancados de tantos silêncios
jogue essa flor no chão
pois não há mais ninguém
pra dar vida a esse mundo mesquinho
joga essa flor no chão
tarde demais...
o que sobra é o abraço de força
por detrás da camisa
jaz sem mão a despetalar
triste algoz flor de máscara
arrastada pela sombra do só
ao balanço da cadeira de pau
na iminência dos redemoinhos
onde a tormenta dos pesadelos
nem mesmo a tristeza preenche
jogue essa flor no chão
porque o fim de um torpe poder
é a pobre poeira da história
joga essa flor no chão
tarde demais...
não há poesia em trapaça
e a rima do livro tão pouco a palavra retrata